Política

Jessé Souza, o sociólogo que traduz o “pobre e de direita” vem a AL

Autor de mais de 30 livros, ele ganha cada vez mais destaque na opinião pública com uma teoria social inovadora

Por Blog de Edivaldo Junior 28/05/2025 04h04
Jessé Souza, o sociólogo que traduz o “pobre e de direita” vem a AL
Jessé Souza - Foto: Reprodução

O pobre de direita: a vingança dos bastardos. O que explica a adesão dos ressentidos à extrema direita?”

Quem tenta dá a resposta a questão é Jessé Souza um sociólogo que se esconde atrás de palavras difíceis. Autor de mais de 30 livros, ele ganha cada vez mais destaque na opinião pública com uma teoria social inovadora e investe em explicações para questões urgentes que são espelho da situação sociopolítica do Brasil.

O sociólogo, um dos ícones da esquerda brasileira, desembarca em Maceió nesta quinta-feira, 29, para participar de um ciclo de debates promovido pelo deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT). “Nosso objetivo é promover discussões importantes em Alagoas, trazendo nomes nacionais”, aponta. Além de Jessé o parlamentar já programa trazer, ainda este ano, Frei Beto para Alagoas.

A palestra que Jessé Souza fará em Alagoas neste quinta-feira, a partir das 9h, no auditório do Sinteal, no bairro do Farol, será como tema “Desafios do Brasil contemporâneo: Um diálogo com o Pensamento de Jessé Souza”. Medeiros avalia que a iniciativa foi acertada: “temos hoje muito mais inscrições do que os 500 lugares do auditório. Tivemos que suspender a divulgação”, pondera.

Pobre e de direita

Dá para ser pobre e de direita? (A a partir daqui, o texto tem conteúdo de o Antagonista). É isso o livro “O pobre de direita” , põe no alvo um dos debates atuais mais acalorados. Afinal, o aumento do apoio popular à extrema direita é um fenômeno recente que, a partir de 2018, mudou completamente o panorama das corridas eleitorais no Brasil. No entanto, como explicar essa adesão repentina? Por que boa parcela das classes empobrecidas aderiu às pautas da extrema direita justamente no momento histórico em que houve uma melhora significativa das condições de vida? O que justifica o apoio dos mais pobres a políticos que retiram direitos e benefícios?

Para responder a essas questões, Jessé Souza se concentra em dois grupos – o branco pobre e o negro evangélico – como modelos desse engajamento. Ao ouvir diretamente as reclamações das pessoas de tais grupos, o sociólogo nos faz perceber, por exemplo, como as demandas racistas da maioria populacional branca da região Sul e do estado de São Paulo passam também a ser defendidas pela população racializada, que, muitas vezes, sofre forte influência dos segmentos evangélicos que apostam na dominação política. Por esse caminho, Jessé Souza propõe uma interpretação inédita e mais profunda do Brasil, na qual o novo arranjo conservador, que alimenta a extrema direita, se revela além das demandas econômicas ou da pauta dos costumes.

É por dentro dessa colcha de identificações, estratificações sociais, fervor religioso, diferenças regionais e imaginação política que o autor reflete sobre as principais causas da “vingança dos bastardos”. Assim, torna-se possível examinar, de fato, como pensam esses grupos sociais ressentidos que passaram a se organizar nas sombras da principal promessa da Constituição Cidadã – a construção de um Brasil democrático, justo e igualitário, sem discriminações e com garantias universais.

Quem é

Jessé José Freire de Souza (Natal, 29 de março de 1960) é um sociólogo, advogado, professor universitário, escritor e pesquisador brasileiro, que atua nas áreas de Teoria Social, pensamento social brasileiro e de estudos teórico-empíricos sobre a desigualdade e as classes sociais no Brasil contemporâneo. É autor dos livros A Ralé Brasileira, A Radiografia do Golpe, A Elite do Atraso e A Classe Média no Espelho.

Em 2 de abril de 2015 foi nomeado pela Presidência da República ao cargo de presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Pediu demissão do cargo em maio de 2016, quando Michel Temer assumiu interinamente a Presidência, depois do afastamento da presidente Dilma por ocasião do processo de impeachment.


			
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