Política

Pré-candidatura do PT em Maceió ameaça unidade do bloco de Lula em AL

A fragmentação do bloco do governo se justificava, naquele momento, pela necessidade de oferecer uma alternativa progressista ao eleitorado de Maceió

Por Blog de Edivaldo Junior 10/07/2024 05h05
Pré-candidatura do PT em Maceió ameaça unidade do bloco de Lula em AL
Ricardo Barbosa, presidente do PT em Alagoas - Foto: Reprodução

A manutenção da pré-candidatura do presidente estadual do PT, Ricardo Barbosa, à prefeitura de Maceió pode rachar o bloco de apoio ao presidente Lula em Alagoas.

A Federação Brasil, que reúne, além do PT, PCdoB e PV, defende uma aliança com o grupo do governador Paulo Dantas (MDB), a exemplo de outras correntes do PT.

Na prática, a pré-candidatura é mantida pela CNB (Construindo um Novo Brasil), tendência majoritária no PT de Alagoas.

O projeto caminha para provocar um "racha" na base de apoio de Lula em Alagoas, que é formada pelo grupo do governador Paulo Dantas e do ministro Renan Filho (MDB).

O grupo de Barbosa, que apresenta baixas perspectivas eleitorais, parece desconsiderar o cenário político atual, bem diferente das eleições de 2020.

Quando o PT decidiu lançar a candidatura do mesmo Ricardo Barbosa para a prefeitura da capital, havia uma justificativa plausível: o candidato do MDB Alfredo Gaspar de Mendonça, então integrante do grupo do governador Renan Filho, era um político de perfil conservador e de direita, com uma clara antipatia pelo presidente Lula.

A fragmentação do bloco do governo se justificava, naquele momento, pela necessidade de oferecer uma alternativa progressista ao eleitorado de Maceió.

Hoje, na leitura do governo, o cenário é outro. O pré-candidato do MDB, Rafael Brito, não só está alinhado com o governador Paulo Dantas e o ministro Renan Filho, mas também mantém uma relação próxima com o presidente Lula.

Esse novo contexto tem motivado um esforço dentro de setores do PT em Alagoas e do PT nacional para que o partido se alie ao MDB nas eleições de Maceió. Entretanto, essa posição enfrenta resistência em setores majoritários do PT em Alagoas, especialmente do grupo ligado ao deputado federal Paulão, que tem planos estratégicos para as eleições de 2026.

Paulão, ao que se sabe, considera mais difícil a reeleição como deputado federal do que uma possível candidatura ao Senado em 2026. A pré-candidatura de Barbosa é parte da estratégia para viabilizar esse projeto eleitoral, mas pode esbarrar em um inesperado estremecimento das relações com Paulo Dantas.

O governador tem atuado para tentar convencer, na base do convencimento, que a melhor estratégia nas eleições de Maceió é manter o grupo de apoio a Lula unificado em Alagoas.

Ao insistir na pré-candidatura em Maceió, sem considerar a necessidade de união e estratégias dentro do bloco de esquerda, o PT pode ter consequências negativas para o bloco de apoio ao presidente Lula em Alagoas.

E a "leitura" é simples: a fragmentação dos votos progressistas em 2024 tende a fortalecer candidaturas de direita nas eleições de 2026, minando os esforços para manter unido o grupo de apoio a Lula no estado.