Política

“Maceió precisa parar de mentir na Justiça”, diz defensor, sobre cirurgias de cardiopediatria no HC

Ricardo Melro cobra que município cumpra acordo para ofertar procedimentos cirúrgicos para bebês e crianças, em Maceió

Por Raphael Medeiros 07/11/2023 17h05 - Atualizado em 07/11/2023 19h07
“Maceió precisa parar de mentir na Justiça”, diz defensor, sobre cirurgias de cardiopediatria no HC
Hospital do Coração - Foto: Itawi Albuquerque/Secom Maceió

Briga que custa vidas. A população alagoana enfrenta mais que uma batalha, se vê diante de uma guerra entre Estado e Município de Maceió - a capital. O antes Hospital do Coração, agora Hospital da Cidade, não está obedecendo uma ordem judicial, que prejudica a saúde de muitos.

Segundo informações divulgadas amplamente na imprensa, uma criança de 4 meses corre risco de morte súbita, já que precisa de uma cirurgia cardíaca urgente. As cirurgias de cardiopediatria devem, por lei, serem oferecidas pelo Estado, em comunhão com o Município. A decisão foi publicada em 2015.

Em publicação realizada em seu Instagram, o coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública de Alagoas, Ricardo Melro, rebate as acusações políticas feitas pela prefeitura de Maceió.

“Maceió precisa parar de mentir na justiça”, é como começa a postagem do defensor público. A Prefeitura afirmou, à imprensa, que a cirurgia cardíaca teria sido impedida por uma ação judicial solicitada pelo senador Renan Calheiros. O coordenador do núcleo de defesa coletiva ressaltou que Maceió nunca cumpriu a decisão de realizar as cirurgias cardíacas infantis.

“O pior é que Maceió falta com a verdade na Justiça, tentando induzi-la ao erro. Todos que participam da cardiopediatria sabem que Maceió nunca cumpriu a determinação. A prova maior é esse caso concreto e outros que estão em tratamento", afirmou categoricamente. 

Em suas palavras, Melo comentou a disputa política e disse que, na saúde não há espaço para certas discussões.

“De fato há uma decisão que está sendo desobedecida desde a gestão passada [ de oferta de cirurgias]”, reforçando que o Governo do Estado cumpre a decisão publicada em 2015 praticamente sozinho, sem o auxílio da prefeitura. E continua dizendo: “a atual gestão, ciente de tudo, optou por descumpri-la”.

O coordenador afirmou que entrou com uma petição no Tribunal de Justiça de Alagoas demonstrando a verdade e o “risco que o comportamento desidioso da prefeitura está a causar às crianças maceioenses”. “Falta compromisso com a lei e com o que fora aprovado e publicado pelos órgãos de justiça do Estado”.

Quando perguntado sobre a disputa política que existe entre Estado e Prefeitura, a resposta veio em tom de cobrança:

“Na minha opinião a saúde pública deveria ser preservada dos embates políticos. as pastas deveriam agir somente de forma técnica e em constante diálogo”

Ao fim da entrevista, o Jornal de Alagoas perguntou o quanto interfere na vida de todos das crianças e de quem mais precisa, Ricardo finalizou dizendo:

“Há um dito popular, segundo o qual ‘na briga entre maré e o rochedo, quem se arrebenta é o marisco’ o povo precisa ser preservado”.