A eleição, repito, é página virada. Quem foi eleito cuida agora de olhar pra frente, com o peso e a responsabilidade que vai, além do discurso, ter que dar conta das promessas de campanha.

No pragmatismo, o ‘centrão’ de Arthur Lira (PP) já busca entendimento com o presidente eleito, Lula (PT). Em quem pesem as feridas ainda abertas pela disputa renhida, um precisa do outro. E por isso vão se entender.

No embalo de Arthur Lira, outros integrantes da bancada federal de Alagoas também podem – e devem – trabalhar para garantir a governabilidade ao futuro governo.

Mas, independente de entendimentos com o ‘Centrão’, Lula terá maioria na bancada federal de Alagoas – composta por 9 deputados federais e três senadores.

Dos dois senadores que não renovaram o mandato este ano – e terão mais quatro aos pela frente – Lula terá o apoio de pelo menos um, o de Renan Calheiros (MDB). Derrotado nas eleições para o governo de Alagoas, o senador Rodrigo Cunha (União) chegou a distribuir santinhos com Lula, mas também plotou furadinhos em carros com Jair Bolsonaro. Como não declarou votos em nenhum dos dois, pode ficar na ala dos ‘independentes’.

O senador eleito Renan Filho (MDB) foi um dos principais articuladores da campanha do presidente eleito e vai para a base de sustentação de Lula.

Contou? No Senado são dois Lula e um independente.

Da bancada federal eleita este ano em Alagoas, a maioria – isso mesmo – já votou em Lula no primeiro e segundo turno.

Entre os deputados federais eleitos, Paulão (PT), é Lula “desde criancinha”. Os dois eleitos pelo MDB, Isnaldo Bulhões e Rafael Brito, fizeram campanha intensa por Lula no primeiro e segundo turno. O mesmo vale para Luciano Amaral (PV).

Os outros cinco federais foram eleitos por partidos de “oposição”, mas com um detalhe interessante. Daniel Barbosa (PP), filho do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa (MDB) pediu votos para Rodrigo Cunha tanto no primeiro quanto no segundo turno.

Contou? Dos 9 federais, 5 votaram com Lula em Alagoas. Dos outros, apenas dois são bolsonaristas “ideológicos”, que prometem fazer oposição “ferrenha” ao presidente eleito: Alfredo Gaspar de Mendonça (União) e Fábio Costas (PP).

Arthur Lira, no pragmatismo do ‘centrão’, repito quer trocar o apoio a sua reeleição pela sustentação, a tal governabilidade, do governo Lula. Também no pragmatismo quem deve acompanhá-lo, apesar do tom mais radical que emanou no segundo turno, é o deputado federal reeleito Marx Beltrão (PP).

Resta saber como Gaspar e Fábio Costa, que devem ser gratos a Lira por suas eleições, irão se contrapor a orientação do presidente da Câmara dos Deputados. Mas essa é outra história.