Nessa segunda-feira (20), ocorreu uma reunião com o propósito de discutir a possibilidade do retorno dos eventos em Alagoas. O coordenador do Gabinete de Gestão Integrada de Combate à Covid-19 da Prefeitura de Maceió, Claydson Moura, participou do encontro e não perdeu a oportunidade de alfinetar o secretário estadual da Saúde, Alexandre Ayres, que também estava presente.

Moura cobrou do secretário a distribuição de vacinas contra o novo coronavírus, que segundo ele, estão sendo "seguradas" pelo governo do Estado para garantir a aplicação da segunda dose.

“Nos ajude nisso, o mais rápido possível. Que tem segunda dose guardada, você sabe que tem. Eu também sei que tem porque para cada dose que chega fica uma guardada. Se chega 30 mil doses, 15 mil vai para a segunda dose. Então, a gente tem segunda dose guardada. Vamos adiantar para que a gente possa fazer plantão, fazer o que possa ser possível”, disse o coordenador.

O coordenador também ressaltou a importância de que as doses fossem antecipadas, já que Maceió é o foco da alta temporada do turismo em Alagoas.

No meio da fala de Moura, cheia de cobranças todas direcionadas ao secretário, Alexandre Ayres devolve a alfinetada de forma bem-humorada: “meu lombo está grosso já!”.

Moura seguiu: “Eu não estou dando lapada, não. Eu estou pedindo o óbvio. Me dê as doses, que para cada dose que chega (há outra guardada). Quando vocês veem na imprensa que chegou 120 mil doses, só chega 60 mil, porque as outras 60 mil vão para a geladeira, guardar para garantir a segunda dose. Das 60 mil, Maceió recebe 20 mil e o resto fica sob custódia do Estado, não é isso secretário?”.

Novamente, ao ser indagado se essa é a verdade, Alexandre Ayres soltou um sonoro “não”, que logo foi rebatido mais uma vez por Moura: “É isso”.

Ayres disse que esperava que Claydson Moura desse a ele a oportunidade de falar, e mais uma vez foi cortado pelo coordenador que logo emendou: “Eu não estou lhe expondo aqui não. Eu estou pedindo. Se tiver vacina, se puder concentrar, nós temos condições de vacinar 25 mil pessoas por dia”.

Quando teve a vez da fala, Ayres afirmou não querer polemizar, naquela reunião, o tema da distribuição de vacinas.

“Eu não quero perder o foco da nossa reunião. Isso é bem mais amplo. O enfrentamento da pandemia não é só vacina. A vacina é primordial e é importante, por isso não quero entrar nessa questão agora, porque perde o foco da reunião. É preciso o Estado se reunir com o município para discutir que a gente precisa testar (fazer testagem de Covid-19) a nossa população, aumentar a fiscalização. Então, há uma série de outras coisas”, respondeu o secretário.

“Essa questão da segunda dose não pode ser colocada sobre as costas ou responsabilidade do Estado…”, continuou Ayres, que não conseguiu terminar por ser novamente interrompido por Moura.

Diante das interrupções, o secretário de Saúde de Alagoas é enfático: “Eu esperei você (Claydson Moura) terminasse, deixa eu concluir. É rapidinho. A gente depende de um repasse de remessa de vacinas do governo federal. Se você for no nosso estoque agora, verá que não temos tanta segunda dose represada. Quando a gente vacinava CoronaVac, eu segurava a segunda dose, porque o intervalo era mais curto e não correria o risco do governo federal não fazer o repasse. Mas agora, com a vacina da Pfizer não tem mais sido preciso. Maceió tem avançado bastante. A gente não está mais armazenando dose”.

Alexandre Ayres disse ainda que a fala de Moura, ao cobrar doses, “não é um discurso real”.

“Deixa eu te explicar uma coisa, e você está acompanhando o que está acontecendo. Eu trabalho em cima de perspectiva e de cumprimentos de cronogramas (…) e eu não vou colocar (o processo da vacinação) em risco. Eu posso até antecipar doses, desde que o Ministério da Saúde cumpra o seu cronograma. É o que eu estou fazendo”, continuou.

“Não é fácil sentar aqui e ter que decidir tudo do bom e do ruim. É por isso que digo que a discussão aqui da gente é muito mais ampla do que só vacina. Vacinar é muito bom e eu lutei pra caramba para que isso acontecesse. Maceió tem dado um show (na vacinação). Perfeito, maravilha. Mas a Covid não é só isso. Então não dá para a gente achar que vai apostar todas as fichas na antecipação da segunda dose, porque lá em dezembro, se precisar de leito, quem vai ter é o Estado. Quem vai ter que assumir a responsabilidade é o Estado”, pontuou a Ayres.

“Parece até que o que eu estou pedindo é um absurdo. Eu estou pedindo que é o que o Ministério da Saúde anunciou. Se você não está com vacina é só dizer que não está com vacina. É na hora que chegar as doses entregar, é só o que eu estou pedindo”, insistiu mais uma vez Moura.

Ayres reforçou que segue com o compromisso de enviar as vacinas assim que elas chegam. Já Moura finalizou dizendo que é amigo de Alexandre Ayres e que não havia discussão.