Política
Governo Federal irá gastar R$120 milhões mais caro que Estados por doses da Sputnik V
Com a União Quimica como intermediária, a vacina custará dois dolares a mais para governo.

Segundo Intercept Brasil, o Governo Federal vai pagar dois dolares mais caro que os governos estaduais pela vacina Sputnik V por ter escolhido fazer negócio usando a União Quimica como intermediária. Um contrato de compra de 10 milhões de doses da Sputnik V por R$693,6 milhões foi assinado entre o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, e a União Química em 12 de março.
Cada uma das 10 milhões de doses contratadas pelo Ministério da Saúde custará o equivalente a 11,95 dólares. Já os governos estaduais irão pagar 9,95 dólares a dose. Feito o câmbio de dólar para real, o negócio sairá R$ 120 milhões mais caro do que se o governo tivesse imitado os estados, que trataram diretamente com a empresa russa que representa o Instituto Gamaleya, desenvolvedor da Sputnik.
Uma lei sancionada pelo próprio Bolsonaro em 10 de março – ou seja, dois dias antes do martelo ser batido com a União Química – permite a importação direta de vacinas contra a covid-19. Graças a ela, os governos de Bahia e Mato Grosso encomendaram vacinas diretamente do Fundo Russo de Investimento Direto. Fazendo isso, irão pagar 9,95 dólares a dose, segundo os contratos sigilosos recebidos pela CPI da Covid e analisados pelo Intercept.
Pelo câmbio de 31 de março, data da assinatura do contrato pelo governo matogrossense, cada dose sairia a R$ 56,02. O contrato entre o governo Bolsonaro e a União Química estabelece o preço de R$ 69,36 por dose – a partir do custo de 11,95 dólares a dose e com a moeda cotada em R$ 5,80, segundo a própria farmacêutica.
