Polícia

Justiça decreta bloqueio bilionário, mas só encontra R$ 20 mil de empresário alagoano acusado de liderar esquema

Alan Cavalcante teria movimentado R$ 225 milhões em propinas; PF mira corrupção sistêmica na mineração em MG

Por Redação 10/11/2025 13h01
Justiça decreta bloqueio bilionário, mas só encontra R$ 20 mil de empresário alagoano acusado de liderar esquema
O empresário alagoano, Alan Cavalcante do Nascimento, é suspeito de liderar uma quadrilha envolvida em esquemas ilegais bilionários de mineração em Minas Gerais - Foto: Reprodução

A Operação Rejeito, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, revelou um abismo entre o volume financeiro supostamente movimentado pelo esquema criminoso e o que as autoridades conseguiram efetivamente bloquear. Embora a Justiça Federal tenha determinado o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em bens e valores de 61 investigados, apenas R$ 27 milhões foram encontrados em contas bancárias — e, no caso do empresário alagoano Alan Cavalcante, apontado como chefe da organização, o montante bloqueado foi de apenas R$ 20,7 mil.

As investigações indicam que Alan coordenava, junto a outros sócios, um grupo de empresas de fachada usado para lavar dinheiro, mover propinas e simular operações de mineração. Quebras de sigilo revelam que ele teria recebido mais de R$ 225 milhões entre dezembro de 2019 e dezembro de 2024, oriundos de empresas envolvidas na cadeia de irregularidades. Mesmo assim, dez companhias ligadas ao grupo apresentavam saldo zerado no momento da comunicação bancária à Justiça.

A PF e o MPF sustentam que o esquema alcançava diversos órgãos de fiscalização em Minas Gerais, de nível estadual e federal. Entre os investigados estão dois diretores da Agência Nacional de Mineração (ANM), além de servidores da Semad, Feam, Iphan e Copam, todos afastados e mantidos presos preventivamente. O caso sugere uma prática de corrupção sistêmica, com interferência direta em licenças, fiscalizações e concessões relacionadas à exploração mineral.

O inquérito foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal após a PF identificar uma menção ao senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nos autos. O processo agora está sob análise do ministro Dias Toffoli, que determinará os próximos passos da investigação em instância superior.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que o Estado “dá total apoio às investigações” e defendeu “punição exemplar” aos envolvidos, reforçando a gravidade e o impacto do esquema sobre a fiscalização ambiental e mineral do país.