Polícia

Polícia Civil desmonta quadrilha que aplicava golpes milionários em idosos

Operação “Falso Consignado” cumpriu mandados em vários bairros de Maceió e prendeu líder que já estava detido por homicídio

Por Esther Barros 19/08/2025 08h08
Polícia Civil desmonta quadrilha que aplicava golpes milionários em idosos
Material apreendido - Foto: Assessoria

A Polícia Civil de Alagoas deflagrou a operação “Falso Consignado” para desarticular uma organização criminosa responsável por aplicar golpes em aposentados e pensionistas do INSS por meio da falsificação de documentos e contratação de empréstimos consignados fraudulentos. 

A ação foi coordenada pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) e resultou no cumprimento de 15 mandados de busca domiciliar e de uma prisão preventiva contra o chefe da quadrilha.

O líder, um homem de 56 anos, já cumpria pena por homicídio qualificado no Presídio de Segurança Máxima, em Maceió, e agora também responderá por estelionato qualificado, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. 

As buscas ocorreram nos bairros Cidade Universitária, Santa Lúcia, São Jorge, Jacintinho e Feitosa.

Golpe sofisticado e prejuízo milionário


Segundo as investigações, os criminosos utilizavam fotografias de idosos aliciados como “laranjas” para falsificar documentos e abrir contas no sistema Gov.br em nome de terceiros. Com isso, contratavam empréstimos de alto valor, especialmente em bancos digitais, transferindo rapidamente o dinheiro para intermediários até chegar ao líder.

Uma única instituição financeira registrou prejuízo de mais de R$ 500 mil, mas o valor global identificado já ultrapassa R$ 1 milhão. 

A polícia estima que o montante seja ainda maior: apenas cinco investigados movimentaram cerca de R$ 8 milhões em menos de dois anos, sem comprovação de origem lícita.

Estrutura organizada e violenta


A quadrilha era dividida em núcleos especializados em falsificação de documentos, recrutamento de laranjas e ocultação de patrimônio. Embora se apresentasse como construtor de imóveis, o chefe da organização tinha como principal fonte de renda os golpes contra idosos e instituições bancárias.

As investigações também revelaram que a ORCRIM mantinha um braço violento, responsável por homicídios encomendados pelo líder. Há indícios de que o grupo tenha executado uma mulher em Marechal Deodoro, em 2024, após um desentendimento com o chefe, além de provas de que ele planejava a morte da ex-esposa.

Histórico de crimes


Dos 12 investigados, cinco já tinham antecedentes por fraudes contra idosos ou o INSS. O chefe, inclusive, havia sido preso anteriormente pela Polícia Federal por conceder aposentadorias a pessoas inexistentes, mas conseguiu reorganizar o esquema criminoso mesmo após ser detido.

Com o avanço das apurações, a Polícia Civil compartilhou provas com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para aprofundar a investigação sobre os crimes de sangue atribuídos à organização.