Lucas Cícero da Silva, de 29 anos, foi assassinado com cerca de 20 disparos, na noite da última terça-feira (1º), no bairro do Canaã, parte alta de Maceió. O crime ocorreu poucas horas após ele ser liberado em audiência de custódia, depois de ser preso de forma considerada ilegal pela Justiça, o que acendeu um debate sobre os limites da legalidade policial e a urgência da proteção à vida. 

Lucas foi preso pela Polícia Militar na madrugada de terça-feira, por volta das 2h, após denúncia anônima. Os policiais encontraram com ele cinco munições calibre .380 no bolso e, nos fundos da casa, uma carabina Winchester com numeração raspada. Ele alegou que comprou a arma para autodefesa, pois vinha recebendo ameaças. 

No entanto, a prisão foi considerada ilegal. O juiz Geraldo Cavalcante Amorim, em decisão baseada em jurisprudência do STF e STJ, entendeu que não havia justificativa legal para a busca domiciliar sem mandado judicial, especialmente à noite e apenas com base em denúncia anônima. A ausência de autorização escrita ou testemunhas que comprovassem o consentimento de entrada foi determinante para a soltura. 

“A denúncia era anônima e não há fundadas razões prévias para busca domiciliar sem mandado em período noturno”, escreveu o juiz na decisão. 

Por volta das 19h40 da mesma terça-feira, um grupo armado invadiu a casa de Lucas para executá-lo. Ele tentou fugir pulando o muro, mas foi atingido por vários tiros. Informações repassadas à imprensa local indicam que a execução foi premeditada e brutal. 

Lucas havia se mudado para o bairro Canaã há cerca de 15 dias e, segundo a PM, já tinha passagens por tráfico de drogas, além do flagrante por posse ilegal de arma de fogo. As identidades e motivações do grupo armado ainda não foram identificadas até o momento.