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Nova Marcha das Mulheres Negras reúne milhares em Brasília contra o racismo

Mobilização celebra uma década do movimento e reforça pauta por direitos e igualdade

Por Redação* 25/11/2025 17h05
Nova Marcha das Mulheres Negras reúne milhares em Brasília contra o racismo
Marcha em Brasília une mulheres de todo país na luta contra o racismo - Foto: Agência Brasil

Milhares de mulheres negras vindas de todas as regiões do país se concentram nesta terça-feira (25) em Brasília para uma grande marcha que pretende recolocar na agenda pública as reivindicações essenciais desse grupo populacional.

A ministra das Mulheres, Márcia Helena Lopes, ressaltou que as mulheres negras representam 28% da população brasileira. "A a nossa luta é pela reparação, é pela igualdade racial, é pela igualdade de gênero. São cerca de 10 milhões de meninas e mulheres por esse Brasil. Então, que essa marcha se estenda por todo o Brasil e por todo o planeta", destacou.



Mesmo com a chuva que atinge a capital federal, as participantes percorrem a Esplanada dos Ministérios desde o meio-dia. Entre elas está Lindalva Barbosa, servidora pública aposentada que viajou de Salvador (BA) para se juntar às ativistas. Há quatro décadas no movimento, ela recorda que as mulheres negras “marcham há séculos” por justiça, saúde, liberdade e sobretudo pelo direito à vida.

“Eu vim marchar por reparação e bem viver para as mulheres negras e para todo o Brasil. Porque, quando as mulheres negras se movimentam, toda a sociedade se movimenta, como diz Angela Davis”, afirma Lindalva, citando a filósofa norte-americana.



A presença na marcha, destacam as participantes, renova forças e reforça a articulação nacional das ações em defesa dos direitos da população negra.

Ana Benedita Costa, do Recife (PE), educadora e coordenadora de uma escola de frevo, também se uniu ao ato.
“Eu vim à marcha principalmente para nos fortalecer, mas acima de tudo para colher essa energia dessas mulheres. E para aprender também. Eu ando em marcha não só por mim, mas por todas nós”, diz.
Ela sublinha ainda a importância do reconhecimento das contribuições históricas do povo negro para a cultura e para a sociedade brasileira.



Ednamar Almeida, ialoxairá de Foz do Iguaçu (PR), afirma que a defesa contra a intolerância religiosa foi o principal motivo para participar da mobilização. “Nós, mulheres de terreiro e mulheres negras, sentimos na pele a perseguição, a injustiça, a intolerância, o racismo, tanto nas nossas comunidades quanto no nosso dia a dia”, ressalta.

Já Hellen Gabrielle Cunha Gomes da Silva, mulher trans que mora em Brasília, decidiu integrar o movimento para destacar a relevância da participação política da população.
“Eu vim à marcha para compartilhar com a democracia, porque acho que a população tem um papel crucial nisso. Nossa população não se interessa tanto pela política e eu acho que, se nós fôssemos mais ativos nesse campo, a nossa situação seria bem melhor no país, com um todo”, afirma.



Dez anos após a primeira edição


A nova Marcha das Mulheres Negras acontece no mês em que se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro, e marca os dez anos da primeira grande manifestação — ocorrida em 18 de novembro de 2015, quando mais de 100 mil mulheres negras ocuparam Brasília para denunciar o racismo, a violência contra a juventude negra, o feminicídio e defender o bem viver.

*Com informações da Agência Brasil