Nacional
Justiça do Rio nega pedido de liberdade a Oruam, preso há 50 dias por tentar matar policiais
Ação que terminou com a prisão do rapper Oruam começou na noite de 21 de julho deste ano

A Justiça do Rio de Janeiro negou o pedido de liberdade para o rapper Oruam, nesta quinta-feira (11). O artista está preso há 50 dias no Complexo Penitenciário de Gericinó, e é réu por tentativa de homicídio qualificado contra dois agentes da Polícia Civil durante uma abordagem em sua residência, no Joá. Os advogados do cantor vão recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A relatora do julgamento foi a desembargadora Márcia Perrini Bodart, a mesma que negou o pedido de habeas corpus do caso, em 7 de agosto. O julgamento começou às 10h40, com a presença de Márcia Gama dos Santos Nepomuceno, mãe do cantor, a influenciadora Fernanda Valença, namorada dele, e o irmão Lucca Nepomuceno. Dos amigos, estavam o Mc Poze do Rodo e sua esposa Vivi Noronha.
Durante o julgamento, a desembargadora Márcia Perrini justificou a decisão afirmando que as atitudes de Oruam foram graves, principalmente devido a um vídeo gravado por ele afrontando policiais para que o "pegassem" no Complexo da Penha.
A defesa do artista, representada na sustentação pelo advogado Nilo Batista, reforçou a tese de que o rapaz sofre perseguição policial por ser filho de Marcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado pela Polícia Civil como chefe geral do Comando Vermelho.
O advogado pontuou que a investida dos agentes na casa do Oruam, no Joá, aconteceu de forma inadequada: às 23h, com viaturas e agentes descaracterizados.
"Mauro foi criado virtuosamente pela Márcia na Vila da Penha. Ele poderia, se quisesse e se a mãe não houvesse velado intensamente por ele, ter herdado o prestígio paterno, mas optou por uma carreira artística forjada a partir da favela, com os meios e as formas manejadas pela sua geração. Sua carreira tem reconhecimento nacional e internacional, com diversas participações em festivais", abriu a defesa o advogado Nilo Batista.
Segundo ele, o cantor é perseguido por agentes que acreditam que "um filho de um condenado há de ser um criminoso":
"Isso provocou uma inimizade, sentimentos muito estranhos, em delegados. E esse incômodo converteu, de repente, o chefe da polícia em crítico de arte para desqualificar a arte popular do funk e do trap — continuou em menção a delegados da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e ao secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, que também acusam Oruam de fomentar uma "narcocultura"
O voto pela manutenção da prisão foi pautado pela preservação da ordem pública para se "resguardar a paz e a tranquilidade social, que notoriamente foram não só perturbadas pelos graves crimes do paciente, mas também pelo que ocorreu na sequência", finalizou a desembargadora, referindo-se à fuga de Oruam para o Complexo da Penha, após o episódio com os policiais.
Sobre o caso
A abordagem policial aconteceu na noite de 21 de julho, quando policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) foram até a casa do cantor, no Joá, Zona Oeste do Rio, para cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente infrator. O jovem havia deixado de cumprir medidas socioeducativas em regime de semiliberdade.
Segundo informações, ele era ligado à "Equipe do Ódio", do Comando Vermelho. Ao ser colocado em uma das viaturas, o adolescente fugiu após o carro ser apedrejado por Oruam e outros presentes no imóvel.
O jovem acabou fugindo pela mata com os amigos, e um dos envolvidos, Paulo Ricardo de Paula Silva de Moraes, o Boca Rica, foi preso em flagrante.
Se condenado, Oruam pode responder por ameaça, dano ao patrimônio público, desacato, resistência e associação ao tráfico — com penas que, somadas, podem ultrapassar 18 anos de prisão.
