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Dez servidores da Sesau são afastados após operação da Polícia Federal

Decisão do TRF-5 inclui suspensão do secretário Gustavo Pontes e investiga desvios milionários

Por Redação* 19/12/2025 12h12
Dez servidores da Sesau são afastados após operação da Polícia Federal
Operação da PF afasta dez servidores da Sesau e atinge cúpula da Saúde em Alagoas - Foto: Reprodução

Dez servidores da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) foram afastados temporariamente de suas funções nesta sexta-feira (19), em desdobramento de uma operação da Polícia Federal que apura um suposto esquema de irregularidades milionárias na área da saúde. As investigações indicam possíveis desvios de recursos públicos e práticas de lavagem de dinheiro.

Entre as medidas cautelares determinadas pela Justiça está o afastamento do então secretário de Saúde, Gustavo Pontes. A decisão foi expedida pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) e prevê a suspensão do exercício da função pública por 180 dias. Com a publicação do ato no Diário Oficial do Estado, o secretário interino da pasta, Emanuel Victor, formalizou o afastamento de outros dez servidores pelo mesmo período.

Operação Estágio IV

Os afastamentos ocorrem no âmbito da Operação Estágio IV, deflagrada pela Polícia Federal na última terça-feira (16). A ação tem como foco o combate a crimes de corrupção, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro no setor da saúde em Alagoas. Ao todo, foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão, além da aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão, todas autorizadas pelo TRF-5.

A operação também determinou o sequestro de bens dos investigados, incluindo veículos e imóveis de alto valor. Cerca de 170 policiais federais e 26 auditores participaram da ação, realizada em Alagoas, Pernambuco e no Distrito Federal, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), da Receita Federal e do Departamento Nacional de Auditoria do SUS.

Segundo a Polícia Federal, a Sesau firmou contratos emergenciais entre 2023 e 2025 com duas empresas — uma do ramo de fornecimento de materiais hospitalares e outra da construção civil — que teriam sido utilizadas para beneficiar o grupo investigado. Os contratos resultaram em pagamentos considerados indevidos, que podem chegar a R$ 100 milhões, parte deles ainda em execução no momento da deflagração da operação.

O inquérito aponta ainda o desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de ressarcimentos superdimensionados de consultas e procedimentos médicos que não teriam sido realizados. Apenas nesse eixo, o prejuízo estimado ultrapassa R$ 18 milhões. Um dos exemplos citados envolve pagamentos por sessões de fisioterapia incompatíveis com a capacidade operacional de uma clínica privada.

De acordo com as investigações, os valores desviados eram distribuídos por meio de transferências bancárias, saques em espécie e pagamentos indiretos, caracterizando um esquema estruturado de corrupção e ocultação patrimonial. Parte do dinheiro teria sido utilizada na aquisição de imóveis registrados em nome de terceiros, incluindo uma pousada em Porto de Pedras avaliada em R$ 5,7 milhões, além do custeio de viagens internacionais e despesas pessoais.

Durante o cumprimento dos mandados, a PF apreendeu grandes quantias em dinheiro vivo, em reais e moeda estrangeira, além de duas armas de fogo. O nome da operação faz referência ao estágio terminal de alguns tipos de câncer, em alusão à gravidade dos impactos das práticas investigadas sobre o sistema público de saúde.

Posicionamento do governo

Em nota, o Governo de Alagoas informou que foi oficialmente comunicado sobre a operação da Polícia Federal envolvendo a Secretaria de Estado da Saúde. Segundo o comunicado, o governador Paulo Dantas (MDB) determinou o cumprimento imediato da decisão judicial que afastou o secretário de Saúde pelo período de 180 dias.

O governo também anunciou a criação de uma comissão especial, formada pelo secretário-chefe do Gabinete Civil, pela Controladoria-Geral do Estado e pela Procuradoria-Geral do Estado. O grupo ficará responsável por acompanhar os desdobramentos da investigação, colaborar com os órgãos de controle e prestar as informações solicitadas pelas autoridades competentes.

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