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"Não contrato preto, gordo, petista, feminista e viado", diz cabeleireiro em áudio

Defesa do acusado diz que áudios foram "tirados de contexto"

Por Yahoo 08/02/2023 16h04
'Não contrato preto, gordo, petista, feminista e viado', diz cabeleireiro em áudio
Cabelereiro disse que não contrata "preto, gordo, petista, feminista e viado. - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um cabeleireiro está sendo acusado de discriminação depois de ser flagrado dizendo que não aceita contratar "pretos, gordos, petistas, feministas e viados".

De acordo com informações da CNN Brasil, o autor da declaração é Diego Beserra Ernesto. A frase foi dita em áudio enviado a um colega de profissão, que viralizou nas redes sociais.

Entenda o caso


O áudio foi enviado no dia 12 de janeiro a Jeferson Dornelas, cabeleireiro que aluga parte do salão de Diego no bairro de Perdizes, Zona Oeste de São Paulo.

Jeferson contou que desejava contratar uma assistente gorda, negra e com cabelo curto, mas que ela declinou o convite após receber outra proposta.

Áudio repleto de preconceitos


Foi o suficiente para que Diego emendasse o conteúdo discriminatório. "Eu coloquei uma regra ‘pra’ mim. Eu não contrato gordo, petista e não contrato preto. No caso do preto, alguns se fazem de vítima da sociedade. No caso da mulher tem duas coisas. Gorda e preta. Ela não cuida nem do próprio corpo. Como vai ter responsabilidade na vida?", declarou.

"Essa minas que usam cabelo curto é [sic] feminista. A gente não sabe. Eu não sei. Não ‘tô’ generalizando, dizendo que todas são, mas tem uma grande probabilidade de ser feminista. Feminista é um saco, mano! Você não pode falar nada. Esqueci de falar, mano. Não contrato mais viado. Só se a pessoa estiver mentindo”, completou.

Denúncia registrada


Consternado com o teor do áudio, Jeferson procurou uma delegacia e registrou o caso. Ele vai depor na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

O rapaz disse ter ficado com o "psicológico abaladíssimo" e que chegou a ser procurado por Diego na tentativa de um acordo. Ainda segundo Jeferson, o colega já havia dado indícios deste comportamento, mas nunca falado abertamente.

Mulher citada desabafa


Citada na conversa, a mulher que recebeu a proposta de Jeferson é Ana Carolina Alves de Souza. Ela revelou que sentiu-se acuada com o comportamento de Diego no dia em que fez um teste de trabalho no salão.

Após a repercussão do caso, Ana Carolina contou que está "arrasada, triste e sem reação" e que também registrará boletim de ocorrência contra o acusado.

“Arrasada por ser julgada pela cor da minha pele, do meu cabelo, do meu corpo. Me desmereceu como mulher."

Defesa de Diego


Procurado pela CNN Brasil, Diego não quis falar, mas sua defesa se manifestou e garantiu que os áudios disponibilizados por Jeferson foram tirados de contexto.

Os advogados afirmaram que foi Jeferson quem começou a falar sobre a aparência e o comportamento de Ana Carolina e alegaram que nem toda ofensa, ainda que amoral, configura crime.

Jeferson nega a versão apresentada pela defesa de Diego, que afirmou, ainda, que seu cliente está sendo vítima de calúnia, ameaça, difamação e incitação ao ódio após a divulgação dos áudios.