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MPF recomenda prorrogação de aluguel social para famílias indígenas Pankaxuri

Medida busca assegurar moradia digna enquanto não é definida solução definitiva para a comunidade

Por Ascom PMF/AL 17/07/2025 14h02
MPF recomenda prorrogação de aluguel social para famílias indígenas Pankaxuri
Onze famílias indígenas Pankaxuri foram afetadas por decisão judicial de reintegração de posse da área conhecida como Fazenda Fé em Deus - Foto: Ascom Sesau

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Município de Palmeira dos Índios (AL) a prorrogação, por mais seis meses, do pagamento de aluguel social às 11 famílias indígenas Pankaxuri afetadas por decisão judicial de reintegração de posse da área conhecida como Fazenda Fé em Deus. A medida visa garantir o mínimo existencial necessário à comunidade enquanto não é concluída a destinação definitiva de terras para sua fixação.

Assinada pelo procurador da República Eliabe Soares da Silva, titular do ofício de Povos Indígenas do MPF em Alagoas, a recomendação fixa o valor mensal de R$ 500 por família, com início em 1º de agosto de 2025. A Prefeitura e a Secretaria Municipal de Assistência Social têm o prazo de cinco dias úteis para informar ao MPF sobre o cumprimento da medida.

O MPF destaca que, desde 2023, as famílias Pankaxuri vivem em estruturas temporárias precárias e com risco de desabamento, após interdição de antigo alojamento pela Defesa Civil. Após a ação judicial de reintegração de posse, foi firmado acordo com o Município para concessão temporária de aluguel social, transporte, água potável e itens de higiene, compromisso que se encerra em julho de 2025.

O procurador da República destaca que o direito à moradia é um direito social fundamental previsto na Constituição e que sua efetivação está diretamente ligada à dignidade da pessoa humana. A recomendação leva em consideração tratados internacionais de direitos humanos, como a Convenção 169 da OIT e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, além de diretrizes do Conselho Nacional de Direitos Humanos e do Comitê da ONU.

Durante visita técnica coordenada pelo MPF há um mês (junho/2025), o presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas confirmou a destinação de uma área de aproximadamente 8 hectares para instalação provisória da comunidade indígena, com autorização do Governo de Alagoas. A expectativa é que a medida seja suficiente para garantir os usos, costumes e tradições do povo Pankaxuri até a consolidação de uma solução definitiva.

O documento ressalta que o não atendimento da recomendação poderá levar à adoção de medidas judiciais cabíveis, inclusive com a proposição de ação civil pública.