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Cavernas nos bairros afetados por mineração são maiores que campo de futebol

Afirmação é de um pesquisador geológico de AL, dados foram divulgados há cerca de um mês, em um Congresso Internacional de Geologia

Por Gazeta Web 04/08/2020 14h02
Cavernas nos bairros afetados por mineração são maiores que campo de futebol
Imagem Ilustrativa; Foto: Reprodução

As cavernas criadas pela mineração da Braskem que estão se abrindo nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro têm dimensões maiores que as de um campo de futebol. Os problemas geológicos nelas não têm relação com falhas em placas tectônicas. O que ocorre é o resultado da mineração sem o devido cuidado técnico.

A afirmação é de um dos maiores pesquisadores geológicos de Alagoas e mestre da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), professor Abel Galindo Marques. Os dados foram divulgados há cerca de um mês, em um Congresso Internacional de Geologia.

Ele tem estudos que o possibilitam a afirmar que, além dos 6,5 mil imóveis e 4,5 mil empreendimentos, mais casas e negócios precisarão ser desocupados. Na palestra para colegas de países latino-americanos e de outros continentes, o pesquisador apontou falhas, até, no preenchimento das minas exploradas.

"Foi uma barbaridade praticada para explorar sal-gema na área urbana de Maceió", disse o pesquisador ao afirmar que as minas quadradas em desmoronamento medem entre 100 e 200 metros de extensão e "são maiores que a dimensão de um campo de futebol" (a metragem da Fifa para campo é de 105 por 68 metros). As minas redondas têm a mesma metragem de diâmetro, e a altura varia entre 80 a 150 metros.

Ao analisar relatórios técnicos que coincidem com os estudos do professor Abel Galindo, a Justiça Federal determinou a paralisação definitiva da exploração do mineral em áreas urbanas. A Braskem confirma o fim da exploração nas 35 minas e executa o trabalho de tamponamento. O professor também reprovou a técnica de tentar conter os desmoronamentos com a injeção de água com forte pressão nas cavernas.

A Braskem admite que trabalha com esta técnica no momento. O próprio Abel Galindo viu o projeto de preenchimento com material sólido. Pela avaliação dele, cada mina levará mais de um ano para ser preenchida.

Para o trabalho ser concluído em cinco anos ou pouco mais, será preciso contratar várias empresas. Ele descartou, porém, que os problemas estejam ligados à falha geológica, como alegava a empresa há dois anos. Ao demonstrar a tese, explicou que as placas tectônicas são profundas, abaixo de três mil metros (3 km). A exploração ocorria a uma profundidade que varia entre 900 e 1.200 metros.