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Última carta de jovem morto por leoa expõe sonhos e pedidos de afeto

No texto, Gerson expressa desejos simples: felicidade, carinho e amor da mãe, além da oportunidade de trabalhar

Por Redação 18/12/2025 11h11
Última carta de jovem morto por leoa expõe sonhos e pedidos de afeto
Conselheira tutelar mostrou carta de Natal escrita por Gerson de Melo Machado, o Vaqueirinho - Foto: Reprodução

A última carta de Natal escrita por Gerson de Melo Machado, aos 19 anos, ganhou repercussão nas redes sociais nesta terça-feira (16). O jovem morreu no dia 30 de novembro, após ser atacado por uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, conhecido como Bica, em João Pessoa (PB).

A divulgação do texto foi feita pela conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou Gerson durante parte de sua vida. Intitulada “Desejo do Coração”, a carta foi escrita anos antes, quando o jovem estava internado no Centro Educacional do Adolescente (CEA), na capital paraibana.

No texto, Gerson expressa desejos simples: felicidade, carinho e amor da mãe, além da oportunidade de trabalhar. Ele relata a esperança de um futuro melhor e menciona o sonho de atuar como policial florestal ou veterinário. Segundo Verônica, o jovem tinha grande amor pelos animais.

“Eu queria ter uma grande felicidade que eu nunca tive, mas como Deus é maior, um dia eu vou ter. Eu queria ter a visita da minha mãe para ter carinho e amor”, escreveu.

A conselheira afirmou ter ficado profundamente impactada com a leitura da carta. Segundo ela, a publicação original foi feita por Margarete, professora do CEA, em um grupo de estudos, antes de ganhar visibilidade nas redes sociais.

“Gerson não pediu nada material, nada impossível. Mas, infelizmente, a vida dele foi cheia de impossibilidades. Foi muito doloroso ler uma carta tão carregada de significados e recados”, escreveu Verônica.


Diagnosticado com esquizofrenia, Gerson tinha histórico de abandono e passou por diversos centros de acolhimento, além de internações interrompidas. Em publicações recentes, a conselheira destacou que muitos dos comportamentos do jovem eram, na verdade, pedidos de ajuda.

O vínculo de Gerson com instituições de acolhimento aparece na própria carta, na qual ele agradece o apoio recebido durante o período em que esteve privado de liberdade.

“Agredeço por estar privado de liberdade e ter encontrado conselho da professora Margareth, agentes, professor Tony, diretores Luciana, Marcos da Paz, o advogado, a juíza Antonieta”, escreveu.

Gerson de Melo Machado morreu após escalar um muro de mais de seis metros e ultrapassar grades de segurança para entrar no recinto dos felinos do parque. De acordo com a Polícia Civil da Paraíba, ele foi atacado pela leoa Leona e morreu ainda no local.