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Papagaios Chauás entram na fase final de aclimatação antes da soltura em Alagoas

Transferência de 16 aves para viveiro no Mosaico do Rio Niquim marca etapa decisiva do Plano de Ação Estadual coordenado pelo MPAL.

Por Redação* 01/12/2025 12h12
Papagaios Chauás entram na fase final de aclimatação antes da soltura em Alagoas
A ação faz parte do Plano de Ação Estadual (PAE) do Papagaio Chauá, uma iniciativa do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) com apoio de diversas entidades - Foto: Assessoria MPAL

Dentro de aproximadamente quatro meses, 16 Papagaios Chauás devem retornar ao ambiente natural em Alagoas. A etapa considerada essencial para essa reintrodução foi concluída nesta segunda-feira (1º), quando os animais deixaram o viveiro do Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA), em Rio Largo, e foram levados para um viveiro de aclimatação montado no Mosaico de Reservas do Rio Niquim, área situada entre Barra de São Miguel, São Miguel dos Campos e Boca da Mata, onde cerca de 700 hectares de vegetação nativa se mantêm preservados.

A iniciativa integra o Plano de Ação Estadual (PAE) do Papagaio Chauá, desenvolvido pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) em parceria com instituições públicas, privadas, universidades e organizações da sociedade civil.

O promotor Alberto Fonseca, da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, acompanhou a translocação e reforçou que as aves voltarão a desempenhar seu papel ecológico ao serem liberadas. “É com grata satisfação que hoje fizemos a translocação dessas aves e ressaltamos que, com atuação que envolveu vários órgãos na elaboração e execução do PAE, preparamos o contexto para que outras espécies possam ser reintroduzidas na natureza nesse local, a exemplo do Mutum-de-alagoas, Macuco, Papagaio-do-Mangue e jabutis. Esperamos transformar essa realidade e fazer com que os animais que antes havia aqui com abundância voltem a trazer os sons que estão silenciados nas matas”, defendeu.



A coordenação da transferência ficou a cargo do professor Luís Fábio Silveira, responsável pelo Projeto Arca, curador das Coleções Ornitológicas do Museu de Zoologia da USP e referência nacional em pesquisa de aves. Ele destacou que este momento inaugura a segunda fase do trabalho, com oito casais sendo monitorados periodicamente no novo viveiro até a soltura. 

“Nós hoje iniciamos uma segunda fase desse projeto, com esses oito casais, que serão avaliados periodicamente no novo viveiro até a soltura. Cabe destacar que as florestas do estado de Alagoas já perderam muito de sua fauna original, o que causa o empobrecimento da própria fauna e das relações ecológicas, as quais garantem qualidade da área e qualidade de vida. Então, trazer esses animais de volta é muito importante e faz parte de um grande projeto de refaunação, que é repovoar as matas de Alagoas com a sua fauna original”, explicou.

A chegada das aves ao novo viveiro também foi acompanhada por representantes do setor sucroenergético. Luiz Carlos Jatobá, diretor agrícola do Grupo Luiz Jatobá, ressaltou a relevância de o setor apoiar a iniciativa. Já Yuri Barbosa, coordenador ambiental da Usina Caeté, reforçou o compromisso da empresa com ações ambientais e com o PAE. “Um projeto de reintrodução de uma espécie ameaçada de extinção é muito importante e traz grandes benefícios para o meio ambiente”, afirmou.



O Mosaico de Reservas do Rio Niquim é composto por três unidades de conservação pertencentes ao Grupo Luiz Jatobá, Usina Caeté e Usina Sumaúma, formando uma extensa área contínua de mata fundamental para garantir condições adequadas à reintrodução dos Chauás.

Esta será a terceira liberação da espécie no âmbito do PAE. As duas anteriores ocorreram na Usina Utinga e em uma reserva de Mata Atlântica do Litoral Sul, em Coruripe, administrada pela Usina Coruripe.

O Plano de Ação Estadual reúne dezenas de instituições, incluindo MPAL, MPF, Projeto Arca, Museu de Zoologia da USP, Ibama, ICMBio, IMA, universidades federais e estaduais, entidades ambientais e empresas do setor sucroenergético.

Situação atual da espécie em Alagoas


O Papagaio Chauá, comum em Alagoas até meados da década de 1950, foi considerado funcionalmente extinto no estado devido à degradação ambiental e à captura ilegal para comércio. Os últimos registros ocorreram justamente no mosaico de RPPNs do Niquim, área com cerca de 1.000 hectares.

Descrita por Tommaso Salvadori em 1890, a espécie mede cerca de 40 cm e possui plumagem da cabeça bastante variável, permitindo identificar indivíduos como se fossem impressões digitais. A base da maxila é avermelhada, e as penas da cabeça exibem tons diversos de vermelho, amarelo, verde e azul. A cauda e o espelho das asas apresentam coloração vermelha, visível durante o voo, enquanto o restante do corpo mantém tonalidades de verde.

Os Chauás vivem em bandos que podem ultrapassar cem indivíduos e costumam dormir juntos em árvores altas. Apesar do comportamento coletivo, formam casais muito estáveis. Habitam principalmente florestas primárias, mas também podem usar florestas secundárias e áreas residenciais próximas às matas. São aves de grande capacidade de voo e percorrem longas distâncias diariamente.

*Com informações da Assessoria MPAL