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Professora da Ufal é premiada por pesquisa em matemática antirracista

Artigo de Juliana Theodoro será reconhecido pela Cátedra Internacional Elena Piscopia, da OEI

Por Redação* 01/12/2025 10h10
Professora da Ufal é premiada por pesquisa em matemática antirracista
Juliana Theodoro venceu o 1° Concurso de Artigos Científicos da Cátedra OEI - Foto: Ascom Ufal

A vice-diretora do Instituto de Matemática da Universidade Federal de Alagoas (IM/Ufal), Juliana Theodoro, foi contemplada pela Cátedra Elena Piscopia, da Organização de Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI). Ela conquistou o 1º Concurso de Artigos Científicos da Cátedra, criado para incentivar estudos dedicados ao conceito de Transição Justa, que busca integrar direitos sociais, ambientais e econômicos em processos de mudança produtiva e tecnológica.

O trabalho, intitulado Educação e Transição Justa: caminhos para a equidade social em tempos de transformação – matemática antirracista e decolonial como ferramenta de reparação histórica e tecnológica, ficou na segunda colocação do eixo Educação e Capacitação Profissional, uma das áreas temáticas previstas no edital. O artigo tem coautoria da professora Cleonis Viater, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco.

“Ganhar mais um prêmio, agora de categoria internacional, tem muitos significados: O caminho que estou escolhendo de focar no meu trabalho, enquanto pessoas perdem tempo em atrapalhar quando poderiam estar trabalhando e ajudando o nome da Ufal, é o caminho certo, é o caminho da luta pela forma fidedigna de igualdade e equidade de gênero, do ambiente mais sadio e respeitoso para todos, todas e todes, de qualquer gênero, principalmente os subrepresentados como o meu enquanto mulher cientista, das mulheres negras, o das pessoas LGBTQI+, dos PcD’s, neurodivergentes e etc. É a transição justa na prática. É colocar a nossa Ufal como protagonista de ações progressistas e democráticas, desenvolvedora de ciência que realmente muda o mundo”, reforçou Juliana ao celebrar o reconhecimento.

A Cátedra Elena Piscopia é resultado da parceria entre a OEI, o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e instituições acadêmicas nacionais e internacionais, como a Universidad de Granada, na Espanha, e o Industriall Global Union. 

A iniciativa tem o objetivo de fomentar produção científica crítica e interdisciplinar que fortaleça políticas públicas inclusivas e sustentáveis. O concurso homenageia a filósofa veneziana primeira mulher a obter um diploma universitário.

O edital selecionou artigos inéditos em três áreas: Educação e Capacitação Profissional; Direito, Regulação e Economia; e Novas Tecnologias, Engenharias e Transformações Sociais. A participação foi aberta a estudantes de graduação, pós-graduação, pesquisadores e docentes vinculados às instituições integrantes da Cátedra.

A premiação está marcada para dezembro, em Brasília, quando haverá entrega de valores em dinheiro aos três primeiros colocados, além da publicação dos trabalhos em coletâneas especiais.

A Matemática Antirracista, área em que o artigo se insere, integra pesquisas voltadas à educação básica e propõe mudanças estruturais nos sistemas educacionais, utilizando a matemática como instrumento para combater o racismo estrutural e ampliar a equidade social.

Esse campo é desenvolvido no Laboratório Formação e Engajamento de Mulheres nas Exatas e Aplicações (Femea), vinculado ao Profmat/IM/Ufal e coordenado por Juliana.

Cleonis Viater atua em parceria com o Femea e integra a coordenação adjunta de projetos do laboratório. Em breve, ela será acolhida como pós-doutoranda do Instituto de Matemática, tendo Juliana como supervisora.

O Laboratório Femea


O Femea conquistou recentemente sua sede física no prédio do Centro de Pesquisa em Matemática Computacional (CPMAT), no Instituto de Matemática. Ao longo dos sete anos do projeto Mulheres nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação na rede pública de Alagoas e dos dois anos do projeto Ciência por Trás das Grades — realizado no Sistema Prisional Feminino Santa Luzia — o laboratório acumulou estudos premiados e reconhecidos. As duas iniciativas são coordenadas por Juliana Theodoro.

A instalação do espaço contou com apoio do professor Hilário Alencar, decano do IM e coordenador do CPMAT, além do professor André Aquino, do Laccan (Laboratório de Computação Científica e Análise Numérica), que cedeu parte de sua estrutura para implantação do Femea.

O laboratório reúne seis professoras pesquisadoras da Ufal nas áreas de exatas, além de pesquisadores da Ufam, UTFPR, do juiz e do Conselho da Comunidade da 16ª Vara Criminal de Alagoas. O grupo também conta com cerca de 30 alunas de iniciação científica e extensão.

Prêmios, ações e reconhecimentos


Juliana Theodoro é co-autora da Lei Municipal do Dia das Mulheres nas Ciências, proposta pela vereadora Teca Nelma. Maceió é a única capital brasileira com esse decreto. A professora recebeu ainda o Título de Cidadã Honorária de Maceió e a Comenda Senador Aurélio Viana, concedida pela Câmara Municipal por sua contribuição à educação.

Ela já foi premiada no Elas na Matemática, da Sociedade Brasileira de Matemática, em parceria com o Impa e o MCTI, na categoria Faz a diferença na educação; além do Prêmio Sinpete de Divulgação Científica. O projeto Mulheres nas Exatas, Engenharias e Computação nas escolas integra, inclusive, a base de dados da Unesco.

*Com informações da Ascom Ufal