Um técnico de enfermagem relatou ter sido agredido pelo marido de uma paciente dentro de um hospital em Maceió. A confusão começou durante a rotina de preparação de medicações e terminou com a intervenção da polícia, registro de boletim de ocorrência e realização de exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). O caso aconteceu na última segunda-feira (24).

Ao Jornal de Alagoas, o profissional, que preferiu não se identificar, contou que tudo começou quando ele e uma colega organizavam as medicações por horário. O agressor, acompanhado da esposa paciente, teria demonstrado irritação ao questionar a demora no atendimento.

“Ele chegou perguntando com arrogância se a medicação da esposa já estava pronta. Respondi com tranquilidade que já tinha comido e voltado ao trabalho, mas ele começou a debochar. Quando virei de lado, ele entrou com tudo, pegou no meu pescoço, me levantou e bateu minhas costas na quina”, relatou o técnico.

O trabalhador relatou que, após o ataque inicial, o homem continuou com as agressões e humilhações, chegando a pisar em sua cabeça dentro do hospital. Colegas tentaram intervir, mas parte delas ficou em estado de choque diante da violência. “Uma correu, a outra ficou parada, chorando sem parar”, disse.

A polícia foi acionada e chegou ao local minutos depois. Os envolvidos foram levados para prestar esclarecimentos, mas o técnico afirmou ter sido colocado no camburão enquanto o agressor saiu acompanhado. Ele também relatou ter se sentido intimidado pela mulher do agressor.

“A acompanhante dizia que não ia dar em nada, que tinha ligado para várias pessoas. Ele também ficou ligando para um delegado, tentando intimidar. Mesmo na delegacia, continuavam tentando me desestabilizar”, contou.

O técnico realizou exame de corpo de delito e registrou boletim de ocorrência. Ele afirma ter medo de retornar ao trabalho, já que o agressor teria dito que sabia seus horários e onde poderia encontrá-lo.

Apesar do trauma, o profissional afirma que não pretende desistir do caso. “Eu saí de casa para trabalhar, não para apanhar. Eu quero justiça. Tenho medo de ele aparecer no hospital de novo, mas estou firme. Quero que isso não aconteça com mais ninguém.”

A direção do hospital não se manifestou até o momento sobre o ocorrido. O caso segue sob investigação.

Por meio de nota, divulgada nessa quarta (26), o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (Sateal) informou que está acompanhando o caso e que a vítima esteve na sede do sindicato para conversar com a advogada da entidade.

A reportagem não encontrou o contato do casal que estava sendo atendido. O espaço está aberto para manifestação.

Confira abaixo a nota do Sateal:

No dia 24 de novembro de 2025, um técnico de enfermagem foi vítima de agressão dentro do Hospital Hapvida, em Maceió. O profissional teria sido atacado pelo esposo de uma paciente durante o atendimento.

A Polícia Militar foi acionada e conduziu as partes envolvidas até a Delegacia do 9º Distrito Policial, onde foram ouvidas. O delegado responsável solicitou a realização de exame de corpo de delito para o trabalhador.

Após o ocorrido, o técnico esteve na sede do Sateal, onde conversou com a advogada da entidade, Mônica Carvalhal, que prestou orientação jurídica e reforçou o apoio do sindicato ao profissional.

O Sateal informou que está acompanhando o caso junto à delegacia e reforçou que situações como essa não são isoladas, tornando-se cada vez mais frequentes no hospital. “É inadmissível que profissionais atuem em um ambiente sem a mínima segurança para exercer suas funções”, destacou o presidente, Mário Jorge.

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren/AL) também esteve junto ao técnico durante a ida dele ao Sindicato e se solidarizou com a situação, reforçando a necessidade de medidas urgentes para garantir a integridade física e psicológica dos trabalhadores da saúde.

O Sateal reafirma seu compromisso em defender os profissionais da enfermagem e cobrar providências para que casos de violência não se repitam, garantindo condições dignas de trabalho e respeito à categoria.