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Serial killer de Alagoas tenta justificar crimes e diz que “eliminava o mal” durante julgamento
Albino dos Santos Lima afirmou agir em transe ao matar mãe e filho; promotor contesta e reforça que réu é plenamente consciente de seus atos.
Durante o julgamento realizado nesta quinta-feira (13), Albino dos Santos Lima, conhecido como o “serial killer de Alagoas”, voltou a tentar justificar os assassinatos pelos quais responde afirmando que agia para “eliminar o mal”.
Ao depor diante do juiz, o réu declarou que via as vítimas como um “câncer da sociedade” e que acreditava estar cumprindo uma espécie de missão ao executar pessoas que, segundo ele, estariam envolvidas com crimes.
“Essa mulher era traficante de drogas, todos sabem disso. Ela usava o próprio filho como escudo humano. [...] Ele me contou para ceifar esse joio que vivia na sociedade traficando e roubando. A ação, a execução, tudo isso, não era eu”, disse Albino, ao se referir ao assassinato de Beatriz Henrique da Silva e do filho dela, de apenas quatro anos.
Mesmo confessando o crime, Albino tentou convencer o júri de que sofria de anomalia mental, alegando estar em um estado de transe no momento dos assassinatos. Ele afirmou ainda que “não estava normal” ao invadir a casa da vítima, durante a madrugada, e atirar contra mãe e filho enquanto dormiam.
Promotoria contesta tese de insanidade
O promotor Antônio Vilas Boas, representante do Ministério Público de Alagoas (MPAL), refutou as alegações e afirmou que o réu agiu de forma premeditada e com total consciência de seus atos.
Em sua fala ao júri, o promotor descreveu Albino como um psicopata frio e calculista, comparando sua trajetória criminal a um “filme de terror que parece não ter fim”.
“Temos aqui um réu confesso. Ele já admitiu praticamente todos os crimes pelos quais foi julgado. Isso é um filme de terror sem fim. Albino acreditava ser responsável por exterminar pessoas que considerava criminosas. Ele estudava os hábitos das vítimas, acompanhava pelas redes sociais e, no celular, mantinha calendários com as datas dos assassinatos, além de fotografias dos túmulos. No dia seguinte, recortava matérias sobre os crimes e guardava no aparelho”, relatou Vilas Boas.
O promotor também ressaltou que laudos psiquiátricos oficiais atestam a sanidade mental de Albino, afastando a tese de insanidade.
“A psicopatia não é uma doença mental. É a ausência de sentimento humano. Ele não sente culpa, não tem empatia. O laudo médico-psiquiátrico comprova que, no momento dos fatos, ele era plenamente capaz”, afirmou.
Provas e histórico criminal
A investigação comprovou o envolvimento de Albino no caso por meio de confronto balístico, que identificou que os projéteis retirados do corpo de Beatriz foram disparados pela mesma arma apreendida com o réu. Máscaras, luvas e munições também foram encontradas em sua posse, reforçando o modo de agir já identificado em outros crimes.
Albino dos Santos Lima acumula mais de 140 anos de prisão, resultado de cinco julgamentos anteriores por feminicídios e tentativas de homicídio. Entre as vítimas estão Tâmara Vanessa dos Santos, morta em Maceió, e os sobreviventes José Gustavo Carvalho e Leidjane Gomes de Freitas.
No último júri, realizado em 31 de outubro, ele foi condenado a 27 anos, um mês e dez dias de prisão.
*Com informações da Gazetaweb


