A Ikebana, uma das mais antigas expressões artísticas do Japão, voltada à composição de arranjos florais e à valorização da beleza natural das plantas, também reconhecida como uma arte contemplativa, foi tema de um workshop inédito realizado em Maceió, nesta sexta-feira (7).

Promovido pelas professoras Filomena Kotaka e Celia Almeida, referências em Ikebana da Escola Sogetsu de Brasília, o curso foi realizado nos períodos da manhã e da tarde, no Studio Mineirinho de Artes, localizado no estacionamento da Igreja São Pedro, na Ponta Verde.

Além das especialistas, a oficina contou com a participação especial do ceramista nipo-brasileiro Yukio Tsukada, que aprendeu sua arte no Japão e hoje se dedica a manter viva essa tradição.

Plantas, galhos, flores, troncos, tintas, pincéis e diversos materiais compuseram o ambiente criativo conduzido por Filomena e Celia. Yukio deu vida às ikebanas com suas peças de cerâmica, produzidas por meio da técnica japonesa Karu, que combina o uso do fogo com elementos orgânicos.

Arranjos em miniatura feitos pelos participantes, risadas e muito aprendizado marcaram o curso. “Tivemos uma ótima aceitação. O pessoal está aprendendo e gostando muito. Pela manhã, trabalhamos o arranjo básico vertical e, à tarde, eles tiveram mais liberdade na produção do arranjo livre”, contou Celia Almeida, professora e também aluna de Filomena.

Durante o evento, os participantes aprenderam noções básicas das técnicas Moribana, Nageire e de composições livres, utilizando plantas tropicais de Maceió. “Um dos princípios da Ikebana é que podemos praticá-la em qualquer lugar, com elementos de qualquer região. Em breve, vamos publicar um livro sobre Ikebana no Cerrado, com a participação minha e das minhas alunas”, revelou Filomena Kotaka.

A Escola Sogetsu, com filial no Brasil, ensina a arte da Ikebana há décadas. A palavra significa literalmente “dar vida às flores”, e representa uma prática de criação e contemplação.

“A produção dos vasos e cerâmicas é feita especialmente para essa finalidade. A base do arranjo envolve formas, peso e cores. Teve participação de muitas pessoas inscritas; Nós trouxemos flores, folhagens e troncos colhidos ontem (6) na Fazenda Riachão, em Rio Largo”, explicou Yukio Tsukada.

O caminho das flores
A Ikebana, também conhecida como kadō (“o caminho das flores”), surgiu há mais de 13 séculos no Japão. Inicialmente ligada ao budismo, evoluiu para uma forma de arte que une espiritualidade, contemplação e criatividade. Na Escola Sogetsu, a ênfase está na liberdade e na expressão individual.

“Ikebana pode ser feita por qualquer pessoa, em qualquer lugar e com qualquer material”, dizia o mestre Hiroshi Teshigahara, terceiro sucessor da escola fundada em 1927 por Sofu Teshigahara.