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Cientista alerta ao MPF que moradores dos Flexais precisam ser realocados

Geólogo da UFES aponta riscos geológicos graves e recomenda inclusão da área na Zona 00 do mapa de ações prioritárias da Defesa Civil

Por Redação* 03/11/2025 13h01
Cientista alerta ao MPF que moradores dos Flexais precisam ser realocados
Região dos Flexais, em Bebedouro - Foto: Reprodução

O geólogo e professor Marcos Eduardo Hartwig, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), afirmou ao Ministério Público Federal (MPF) que a população da comunidade dos Flexais, no bairro Bebedouro, em Maceió, deve ser realocada devido aos riscos geológicos existentes. Hartwig é um dos autores do Relatório Independente elaborado em parceria com cientistas do GFZ Helmholtz Centre Potsdam, Leibniz University Hannover, University of Leipzig, INPE e UFES, que detalha os impactos do afundamento do solo causado pela extração de sal-gema pela Braskem.

Ao responder a um questionário do MPF sobre o estudo, o especialista foi direto ao apontar a necessidade de incluir os Flexais na Zona 00 — classificação que indica áreas com risco iminente à segurança da população. “A comunidade dos Flexais é naturalmente vulnerável a processos geológicos”, escreveu.

Segundo Hartwig, a parte baixa da região sofre com alagamentos e solo instável, por estar próxima à Lagoa Mundaú e sobre depósitos flúvio-lagunares, enquanto a parte alta, formada por terrenos inclinados da Formação Barreiras, está sujeita a erosão e movimentos de massa gravitacional.

O cientista destacou ainda que a área registra deslocamentos verticais e, principalmente, horizontais, agravados pela convergência das minas de sal subterrâneas. Esses fatores, segundo ele, aumentam a vulnerabilidade das construções, especialmente das moradias simples.

Hartwig conclui que os riscos estruturais e geológicos justificam a realocação imediata da população. “Edifícios com padrão mais simples são mais sensíveis a movimentações do solo e podem sofrer danos significativos, mesmo com pequenas variações”, afirmou.

A recomendação reforça o alerta feito por pesquisadores independentes sobre a expansão dos impactos do colapso geológico em Maceió, cujos desdobramentos seguem em análise pelo MPF e pela Defesa Civil. O caso adiciona um novo capítulo à crise ambiental que há anos atinge a capital alagoana, sem previsão de desfecho definitivo.

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