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Sinmed denuncia precarização e alerta que proliferação de cursos de medicina ameaça qualidade da formação

Presidente Sílvia Melo critica baixos salários, vínculos frágeis e alerta para risco de despreparo técnico entre novos médicos

Por Redação* 18/10/2025 16h04
Sinmed denuncia precarização e alerta que proliferação de cursos de medicina ameaça qualidade da formação
Sílvia Melo, presidente do Sinmed - Foto: Assessoria

No Dia do Médico, celebrado neste sábado (18), a presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), Sílvia Melo, fez uma análise contundente sobre a realidade da saúde pública e do mercado de trabalho médico no estado. Em entrevista, ela alertou para a abertura desenfreada de cursos de medicina, a desvalorização dos salários e a precarização das relações de trabalho — fatores que, segundo ela, impactam diretamente a qualidade do atendimento à população.

De acordo com Sílvia, o Sinmed se posiciona contra a criação de novas faculdades de medicina, já que muitas não garantem uma formação adequada. “A qualidade do ensino na maioria desses cursos deixa a desejar. Observamos recém-formados com certo despreparo técnico, o que é perigoso. A população precisa de profissionais resolutivos, capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirmou.

A dirigente destacou ainda que, mesmo em municípios que realizaram concursos por recomendação do Ministério Público do Trabalho, os salários oferecidos são considerados desrespeitosos. “Algumas prefeituras oferecem R$ 2.400, o que é inaceitável. O Sinmed já derrubou judicialmente editais com remuneração aviltante”, pontuou.

Sílvia Melo também denunciou que muitos gestores impõem preços baixos e fazem promessas de reajustes e gratificações que raramente se concretizam. Segundo ela, há mais de seis mil médicos atuando em Alagoas e, embora não exista desemprego, o subemprego é uma realidade. “As vagas têm baixa remuneração e alta rotatividade. Ninguém fica muito tempo onde o salário é insuficiente.”

Essa rotatividade, explicou a presidente, compromete a continuidade dos serviços e a padronização do atendimento. “Quando há servidores efetivos, é possível capacitar, otimizar processos e melhorar o atendimento. Mas, com vínculos precários, o serviço perde qualidade. É essencial realizar concursos públicos.”

Sobre o edital do próximo concurso estadual, Sílvia preferiu cautela. “Precisamos ver o número de vagas e a remuneração antes de opinar. O que exigimos é salário digno e estrutura adequada de trabalho, com medicação e equipamentos funcionando.”

A presidente também criticou a “mercantilização da medicina”, impulsionada por interesses econômicos e políticos. “Empresários e políticos se unem para lucrar com a criação de cursos. É uma luta desigual, mas não desistimos. Ensinamos a lidar com vidas humanas, e isso requer estrutura, professores qualificados e hospitais-escola de referência.”

Por fim, Sílvia lamentou a falta de prioridade dos gestores públicos com a saúde. “As unidades estão sucateadas, faltam insumos e medicamentos, e as equipes são pequenas. O Ministério Público precisa agir com mais rigor contra a terceirização e exigir concursos. A precarização não dá certo em lugar nenhum do país”, concluiu.

*Com informações da Assessoria