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Engenheiro contesta versão da Defesa Civil sobre rachaduras no Bom Parto
Especialista afirma que mina da Braskem pode estar subindo à superfície e causando os danos

Durante a inspeção judicial realizada na terça-feira (22), no bairro Bom Parto, o engenheiro Abel Galindo contestou a explicação apresentada pelo coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, sobre as rachaduras em imóveis da região. Segundo relatos, Nobre atribuiu os danos à presença de "argila expansiva" no subsolo, hipótese que não consta nos estudos técnicos sobre os efeitos da mineração da Braskem.
Galindo, professor e engenheiro com quase 50 anos de experiência em sondagens de solo na capital alagoana, afirmou que essa condição geológica não existe em Maceió. Ele baseia a afirmação em aproximadamente 20 mil perfurações de investigação realizadas ao longo da carreira.
Para o engenheiro, os danos nos imóveis do Bom Parto têm a mesma origem dos problemas registrados em outros bairros afetados, como Pinheiro, Bebedouro e Mutange: o colapso progressivo das minas de sal-gema da Braskem. Em especial, ele aponta a mina 34 como possível causa dos recentes transtornos.
Segundo Galindo, estudos anteriores realizados por empresas europeias a pedido da Agência Nacional de Mineração já indicavam que a mina 34 poderia atingir a superfície, o que explicaria o surgimento de rachaduras na região. “À medida que uma mina sobe, ela deforma a superfície, provocando os danos observados nos imóveis”, disse.
A vistoria foi determinada pela Justiça Federal com base em pedidos da Defensoria Pública da União. O objetivo é obter subsídios técnicos que embasem uma possível ampliação do direito à realocação para moradores do Bom Parto. Apesar dos relatos, a Defesa Civil afirma que a área não apresenta risco iminente de colapso ou necessidade imediata de evacuação.
ESCLARECIMENTO DA BRASKEM
"A Braskem informa que realiza, desde 2019, estudos de sonar na cavidade 34 periodicamente. Os dados mais recentes indicam que a cavidade permanece estável, sem tendência de movimentação ascendente.
Conforme atualização do Plano de Fechamento de Mina, bem como o último Relatório Consolidado, referente ao mês de junho de 2025, apresentados à Agência Nacional de Mineração (ANM) e as demais autoridades públicas competentes, o preenchimento da cavidade 34 está previsto para iniciar no primeiro semestre de 2026."
*Com Jornal Extra
