O jornalista e poeta alagoano Alexandre Câmara lança nesta quinta-feira, 17 de julho, seu primeiro livro impresso, O Mar Salva Mas Afoga. A obra não se limita a oferecer consolo ou contemplação estética: assume-se como um gesto político e poético que convoca o leitor a enfrentar memórias soterradas e transformá-las em compromisso. O mar, no título, é metáfora ambígua e poderosa — o mesmo mar que transportou riquezas coloniais também afogou culturas, religiões e modos de vida, impondo o esquecimento como projeto.

Para o vice-governador Ronaldo Lessa, que assina a apresentação do livro, Alexandre Câmara é “uma das vozes mais comprometidas com o reencontro entre estética e verdade”. Segundo ele, trata-se de uma literatura cidadã que “não pretende agradar, mas transformar”, marcada pela coragem de denunciar, lembrar e propor novos pactos de dignidade.

Dividido em seis capítulos — as “marés” — o livro constrói uma travessia ao contrário: não para apagar ou conquistar, mas para lembrar, reconstruir e libertar. Em “Maré Nua”, evoca o antes da colonização com gesto de restituição simbólica; em “Contra a Maré”, exalta a fuga como estratégia de liberdade; em “Mar Revolto”, impõe versos duros de denúncia social; em “Vazante”, ergue a memória como ato de justiça; em “Mar Profundo”, celebra um inventário plural do amor; e em “A Travessia”, articula um chamado coletivo e político por alianças reais.

A linguagem de Alexandre Câmara combina rigor formal e fragmentação, oscilando entre o canto ancestral, o manifesto político e a confissão íntima. Não é uma obra para leitura passiva ou silenciosa: exige voz, presença e disposição para o desconforto. Seu projeto literário se recusa à neutralidade, articulando um diálogo com vozes do Sul Global que desafiam apagamentos históricos e propõem outras formas de existência. Em vez de oferecer respostas fáceis, o livro propõe perguntas difíceis — sobre justiça, memória e dignidade.

Serviço
📖 Lançamento do livro O Mar Salva Mas Afoga, de Alexandre Câmara
📅 Quinta-feira, 17 de julho
🕒 15 horas
📍 Museu Palácio Floriano Peixoto (Mupa), Centro, Maceió
🎶 Participação especial: som acústico do veterano Alan Bastos
✅ Evento gratuito e aberto ao público