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Hospital da Cidade de JHC suspende serviços cardíacos e apaga legado do Hospital do Coração

Unidade referência em cardiologia alagoana foi comprada pela Prefeitura de Maceió com verba da Braskem, mas agora teve suspenso atendimento para cardíacos

Por Redação 20/05/2025 15h03
Hospital da Cidade de JHC suspende serviços cardíacos e apaga legado do Hospital do Coração
Sem análise técnica, HC foi comprado por R$ 266 milhões - Foto: Itawi Albuquerque/ Secom Maceió/Arquivo

Pouco mais de dois meses após divulgar nas redes sociais que contava com uma equipe especializada em cardiologia, o Hospital da Cidade, gerido pela Prefeitura de Maceió, suspendeu todos os atendimentos na área. A unidade já foi referência em procedimentos cardíacos quando ainda se chamava Hospital do Coração.

A suspensão ocorre sem aviso prévio aos usuários e afeta diretamente pacientes que dependiam de exames, cirurgias e acompanhamentos médicos especializados. Em março deste ano, o próprio perfil oficial do hospital no Instagram (@hc.maceio) afirmava: “Nosso hospital tem um time de especialistas em cardiologia. Aqui você pode fazer desde seus exames até a cirurgia que precisa para deixar a saúde do seu coração em dia”. A publicação, que ainda está no ar, destaca que “cuidar de você é nossa principal missão”.

O Hospital da Cidade foi comprado pela Prefeitura de Maceió em 2023 com recursos oriundos do acordo de compensação firmado com a mineradora Braskem, responsável pelo afundamento de solo que destruiu cinco bairros da capital. 

Desde a aquisição, a unidade de saúde alardeada pela Prefeitura de Maceió como o 1º Hospital Municipal da capital alagoana vem recebendo críticas pontuais. O alto valor da compra, R$ 266 milhões, deveria ter sido acompanhado de estudos detalhados para avaliar a viabilidade da gestão municipal sobre um hospital de alta complexidade. No entanto, essa análise técnica não foi realizada

Em reportagem publicada à época da compra, o Jornal de Alagoas apontou que o processo de aquisição foi marcado por falta de transparência, ausência de licitação e críticas de conselheiros municipais de saúde, que cobraram a criação de uma política pública estruturada para atendimento às vítimas do desastre da Braskem, em vez de ações pontuais.

O Jornal de Alagoas procurou a Prefeitura de Maceió, que ainda não se pronunciou oficialmente sobre o motivo da suspensão nem sobre uma possível retomada dos serviços.