Geral

Sem ventilação e com salas lotadas, escola municipal de Maceió "sofre" para educar alunos na periferia

Diretora da escola e mães de aluno relatam que problemas na estrutura prejudicam educação dos estudantes

Por Raphael Medeiros 09/11/2023 17h05 - Atualizado em 09/11/2023 17h05
Sem ventilação e com salas lotadas, escola municipal de Maceió 'sofre' para educar alunos na periferia
Escola Municipal Elma Marques Curti sofre com a falta de estrutura adequada - Foto: Raphael Medeiros

Calor e falta de estrutura. A escola Municipal Elma Marques Curti, localizada no Benedito Bentes II, que atende 305 crianças, passa por problemas elétricos. Todos os estudantes ficam divididos em seis salas apertadas e somente duas delas possuem climatização. 

Ventiladores e ar-condicionados não funcionam, deixando as salas,cujas cadeiras chegam até a porta, abafadas. São 25 alunos por turma do 1º ao 5º ano nos horários da manhã e da tarde. O calor e o mormaço, somado à falta de estrutura adequada, vêm provocando um déficit na educação das crianças do bairro mais populoso de Maceió. 

Maria Amélia (46) é professora por formação e também é a diretora responsável pela escola. Ela recebeu o Jornal de Alagoas e conversou sobre os problemas que a administração do unidade escolar enfrenta para conseguir promover educação para as crianças do "Biu". 

Os fios, espalhados na parede, sem a devida organização elétrica, geram um medo constante de curtos-circuitos e choques. Amélia afirma que aparelhos eletrônicos já queimaram e que a rede elétrica não suporta as necessidades do espaço educacional. Outro problema apontado pela coordenadora é a impossibilidade de uma reforma, ou uma expansão.

"São duas casas alugadas, aquelas da Cohab [antiga Companhia de Habitação Popular de Alagoas], não podemos nem crescer pros lados, nem para cima."

Fiação exposta na parede de escola do município. Foto: Raphael Medeiros


As turmas batalham com o calor e de acordo com Jaqueline Regina (36), mãe de um estudante da escola, há falta de dedicação da Secretaria Municipal de Educação (Semed) em organizar o ambiente estudantil.

"É dedicação e atenção, né? Porque isso interfere no convívio deles, na atenção, eles tipo, passam calor, né? Passam a ter essa necessidade, que interfere no aprendizado."

Jaqueline reforça que a escola por si só dá o suporte que é preciso às crianças atendidas. Porém, questões estruturais, que vão além da mão de obra dos professores e coordenadores, atrapalham o dia a dia. "Não é só a questão de condicionado, é questão do prédio, né?", relembrando a última reforma realizada no edifício, em julho de 2023, que estava com infiltrações, paredes mofadas e cheiro forte. A questão foi solucionada pela Semed, após dias de aulas suspensas.

Superlotação


"Não podemos atender mais crianças, porque não temos espaço", lamenta Maria Amélia.

Quando perguntada sobre as matrículas, se outra escola poderia se encarregar de receber mais alunos, como alternativa para amenizar a sobrecarga de alunis, Amélia respondeu de bate pronto: "todas estão lotadas."

Com a problemática dos bairros atingidos pela mineração da Braskem, em Maceió, muitas famílias foram realocadas e buscaram novas habitações em outros bairros, principalmente na parte alta e regiões periféricas do município, caso do Benedito Bentes.

O que não cresceu no bairro, entretanto, foi a estrutura das unidades escolares. A construção de novas escolas, aponta Amélia, poderia aliviar não só o calor, mas também o déficit educacional. "Não somente na parte educacional, mas na parte da saúde também, no meu ponto de vista, como cidadã”.

Respostas

O Jornal de Alagoas entrou em contato com a Semed e aguarda retorno sobre os apontamentos feitos na reportagem e a falta de estrutura adequada na Escola Municipal. O espaço está aberto para atualizações.