A pobreza menstrual afeta milhares de mulheres em todo o mundo. No Brasil, um levantamento da marca de absorventes Sempre Livre mostra que 22% das jovens de 12 a 14 anos não têm acesso a produtos de higiene no período menstrual em todo o país. Quando se trata de adolescentes entre 15 e 17, o número sobe para 26%. Pensando nisso, o governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Educação, criou o programa Meu Ciclo na Escola.

O programa distribui kits de higiene íntima para as alunas da rede pública estadual em situação de vulnerabilidade social e econômica. A distribuição do material teve início pelas escolas do interior do estado e, nesta semana, abrange todas as unidades escolares estaduais de Maceió.

“A pobreza menstrual ainda é um dos principais motivos que fazem com que nossas jovens percam aulas. Segundo dados da Unicef, meninas perdem até 45 dias de aula por ano por não conseguirem ter acesso à higiene adequada durante a menstruação. Muitas delas, inclusive, abandonam a escola. Essa é uma política pública essencial e que trará dignidade para as nossas adolescentes em situação mais vulnerável, combatendo a pobreza menstrual e a evasão escolar em todo o estado”, pontuou o secretário da educação, Rafael Brito.

A iniciativa tem o objetivo de combater a pobreza menstrual nas escolas de Alagoas, devolvendo para as meninas a liberdade de poder ir à escola no período menstrual. Os kits serão distribuídos a cada dois meses, contendo absorventes, sabonetes íntimos e lenços umedecidos, e beneficia alunas de baixa renda que tenham idade entre 13 e 18 anos.

Mobilização

Na Escola Estadual Humberto Mendes, em Palmeira dos Índios, região da Zona da Mata alagoana, integrantes do grêmio estudantil realizaram uma palestra de informação às meninas que receberam os kits do Meu Ciclo na Escola. Durante o momento, além de orientar o uso dos absorventes, as gremistas também ressaltaram a importância do cuidado com a higiene feminina.

“A ideia da palestra veio do próprio grêmio. Pensamos em fazer essa conversa para que as outras alunas se sentissem à vontade para tirar dúvidas sobre o uso sem se sentir envergonhadas. O programa é muito valioso na vida dessas meninas que já tem tantas outras dificuldades, agora podem frequentar a escola o mês inteiro sem barreiras”, destacou a Diretora de Políticas Educacionais do Grêmio, Noemi Queiroz.

A gestora da escola, Claudean Ferro, também confirmou a relevância do Meu Ciclo para as estudantes vulneráveis. “Muitas alunas, para evitar constrangimentos, faltam às aulas em períodos menstruais, o que pode render até cinco dias de ausência. O programa Meu Ciclo na Escola vem para dar dignidade, segurança e saúde às nossas meninas, garantindo assim a permanência delas na escola, concluindo seus estudos com louvor”, frisou.

Já em Teotônio Vilela, na região agreste do estado, na Escola Estadual Pedro Joaquim de Jesus, os kits foram entregues nas salas de aula. Beatriz Cassimiro é estudante do 1° ano do ensino médio e ressalta o impacto do programa na saúde das meninas beneficiadas. “O Meu Ciclo na Escola ajudará muitas meninas como eu a cuidar da higiene íntima e também da saúde como um todo, tanto física como emocional, pois muitas de nós não tem condições de comprar esses produtos e durante esse período ficamos com vergonha de ir à escola”, revelou a estudante.