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Serviços de Streaming crescem 30% e deixam disco físico para trás

Venda digital cresce 30%, compensa queda do disco físico e eleva consumo em 2%, segundo Associação Brasileira de Produtores de Discos

Por Agências 15/04/2015 18h06
Serviços de Streaming crescem 30% e deixam disco físico para trás
Foto: divulgação

Avenda de discos físicos no Brasil caiu 15% no último ano, enquanto o comércio de música digital aumentou 30%. Com isso, o mercado fonográfico nacional conseguiu crescer 2%. É esse, em linhas gerais, o painel que aparece no levantamento “Mercado fonográfico mundial e brasileiro em 2014”, apresentado ontem pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). O destaque ficou por conta do consumo de serviços de streaming, que aumentou 53% no país, em comparação com 2013.

- Temos acompanhado, nos últimos três anos, a chegada ao Brasil das grandes operadoras internacionais de streaming, Deezer, Napster, Spotify, Rdio e Google Play — avalia Paulo Rosa, presidente da ABPD. — Outras operadoras, como YouTube e Apple, estão para lançar nos Estados Unidos e na Europa novos serviços que certamente chegarão logo ao Brasil, agora que o mercado já existe aqui. Além disso, o mercado de smartphone cresceu 35% no país, e o smartphone é um cliente sob medida para o streaming. Você faz a assinatura e onde estiver conectado pode ouvir o que quiser, na hora em que quiser. Esse cenário cria um potencial enorme do mercado brasileiro para o streaming. A perspectiva em relação aos próximos anos é superfavorável para nós.

Com cenário semelhante ao do Brasil, a América Latina como um todo acompanha a tendência de crescimento ( 7,3% com relação a 2013). Os números globais, no entanto, apontam para uma estabilidade (ou estagnação), com redução geral de 0,4% nas vendas. Na Europa, a diminuição foi de 0,2%. Nos Estados Unidos, de 1,1%. A Ásia teve o pior resultado: -3,6%. Os dados foram divulgados ontem também pela International Federation of the Phonographic Industry (IFPI).

Para Paulo Rosa, o cenário não é uma antecipação do que pode acontecer, nos próximos anos, com o mercado latino (muitas vezes entendido como alguns passos atrás do americano, europeu e asiático):

— O digital cresce no mundo inteiro, sobretudo o streaming. O que aconteceu na Ásia foi a queda da venda física no Japão, um mercado majoritariamente físico. Isso acabou tendo impacto em toda a Ásia. Nos EUA, onde o mercado é majoritariamente digital, o download começou a cair.

O relatório aponta que os serviços de streaming assinados — há a modalidade de acesso gratuito, financiada pela publicidade — representam hoje 23% do mercado digital global, com 39% de crescimento em 2014. No Brasil, o mercado digital (que inclui downloads e streaming) já representa 48% do mercado, contra 52% do físico.

— Nunca foi tão dividido — conta Paulo Rosa. — Nos Estados Unidos, o mercado digital passou o físico há dois anos. A indústria tem uma percepção do negócio totalmente diferente da que tinha quando havia só uma modalidade de produto, o físico.

LANÇAMENTOS ÀS SEXTAS

O relatório da ABPD foi feito pela primeira vez numa metodologia que inclui, por estimativa, o mercado independente — seguindo a maneira adotada pela IFPI. Antes, a associação brasileira trabalhava basicamente com o universo de Warner, Sony, Universal e Som Livre. Agora, segue contando apenas com os números das grandes gravadoras, mas estima que eles representam 85% do total do mercado físico e 81% do digital. Foram incluídos ainda como receita os direitos de execução pública e de sincronização (uso em trilhas sonoras). Para evitar inconsistência na comparação com o ano anterior, a instituição explica que aplicou o mesmo método sobre os dados de 2013.

— O objetivo da mudança foi apenas para se adequar ao formato internacional da IFPI. Não houve distorções na comparação com 2013 — afirma Rosa.

A ABPD anunciou também que, a partir de 10 de julho, os principais novos lançamentos musicais serão concentrados nas sextas-feiras em 45 países, incluindo o Brasil.

— Isso nasceu de um projeto do IFPI, seguindo uma pesquisa de mercado feita em vários países, inclusive aqui. Segundo esse levantamento, o lançamento de novos álbuns ou mesmo músicas avulsas na sexta-feira apresenta um resultado comercial melhor — conta o presidente da ABPD.