Economia

Pesquisa revela que consumo de famílias de Maceió caiu em junho

Dados refletem um cenário de cautela, pressionado por fatores como inflação, endividamento e instabilidade no mercado de trabalho

Por Redação 17/07/2025 15h03 - Atualizado em 17/07/2025 17h05
Pesquisa revela que consumo de famílias de Maceió caiu em junho
Intenção de consumo das famílias recuou em junho, diz pesquisa - Foto: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Após subir, em maio, em partes pela perspectiva das festas típicas do período junino, o consumo das famílias caiu, na capital, e fechou o mês com retração de -0,51%, enquanto no acumulado de 12 meses a redução foi mais expressiva, de -3,3%. Os dados são da pesquisa do Índice de Consumo das Famílias (ICF), do Instituto Fecomércio AL em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e refletem um cenário de cautela, pressionado por fatores como inflação, endividamento e instabilidade no mercado de trabalho.

“Os dados apontam um ambiente econômico menos favorável ao consumo, exigindo atenção por parte dos empresários do setor varejista, que dependem diretamente da disposição das famílias em consumir”, observa o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário.

Mesmo havendo queda no índice geral, cinco dos sete subindicadores do ICF permanecem acima da linha dos 100 pontos; patamar considerado satisfatório. O destaque positivo continua sendo a “Perspectiva Profissional”, com 142,1 pontos, seguida por “Emprego Atual” (138,5) e “Renda Atual” (122,7). Ainda assim, todos esses indicadores apresentaram queda no comparativo anual, o que sugere que, embora os consumidores mantenham certa confiança, ela está enfraquecida.

Por outro lado, os subindicadores “Nível de Consumo Atual” (97,0) e “Momento para Duráveis” (90,4) estão abaixo da linha de otimismo (100 pontos), refletindo pessimismo quanto ao consumo imediato e à aquisição de bens duráveis. Apesar de o “Nível de Consumo Atual” ter crescido 1,1% no mês, sua queda anual de 6,7% revela uma retração mais estrutural no tempo. Já o “Momento para Duráveis” apresenta a pior variação mensal (-4,4%), o que sugere que os consumidores não consideram o momento atual favorável para esse tipo de compra, mesmo com uma variação anual positiva de 7,0%.

Mas se o momento atual não está favorável, isso pode mudar. É que o indicador “Perspectiva de Consumo” (111,2) teve crescimento tanto mensal (0,5%) quanto anual (8,6%), o que pode sinalizar uma expectativa de melhora nas condições econômicas. “Estamos com um cenário misto: otimismo em relação ao futuro e à estabilidade no emprego e crédito, mas cautela no consumo presente, especialmente no que diz respeito a bens duráveis. Essa combinação sugere que, embora os consumidores estejam confiantes em sua situação futura, ainda enfrentam restrições ou incertezas no presente”, explica o economista.

Retração do consumo foi maior nas famílias com renda de até 10 SM


A análise por faixa de renda revela desigualdades importantes. As famílias com renda de até 10 salários-mínimos (10 SM) mostraram retração de -0,52% no mês e -4,41% no ano. Já entre as famílias com renda superior a 10 SM, houve crescimento de 0,19% no mês e expressiva alta de 11,94% no ano, o que evidencia que o otimismo está mais presente entre os consumidores de maior poder aquisitivo.

Esse comportamento também aparece nos dados sobre acesso ao crédito. Entre os consumidores de renda mais baixa, o indicador cresceu 29,9% no ano, mas caiu levemente no mês (-0,3%), sugerindo que os efeitos de juros altos e endividamento já começam a frear a tomada de crédito. Entre os de maior renda, o acesso ao crédito se manteve praticamente estável, com alta de apenas 0,9%.

Apesar da confiança fragilizada, o índice geral de Maceió ainda está acima da linha dos 100 pontos (117,6), o que indica que o pessimismo ainda não se tornou predominante. Porém, para o setor varejista, o sinal de cautela está aceso. O consumo presente segue contido, e os empresários precisarão adotar estratégias como segmentação de público, promoções sazonais, presença digital e gestão de estoques para manter a competitividade.