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Justiça de Alagoas promove mostra de cinema para presos em Maceió
Iniciativa contou com debates sobre dignidade, racismo e justiça restaurativa

A Justiça de Alagoas promoveu entre segunda (14) e quinta-feira (17) a 1ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Sistema Prisional. Cerca de 60 pessoas privadas de liberdade participaram da programação especial nas unidades Presídio Santa Luzia (feminino) e do Núcleo Ressocializador (masculino), em Maceió.
A ação é fruto de uma articulação entre a 16ª Vara Criminal da Capital (Execuções Penais), a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social de Alagoas (Seris) e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen), com foco na educação em direitos humanos no ambiente prisional.
Ao todo, 30 reeducandas e 30 reeducandos participaram das sessões, que ocorreram diariamente pela manhã e à noite.
Além da exibição de filmes, a programação incluiu momentos de acolhimento institucional, rodas de conversa e reflexões mediadas sobre os conteúdos assistidos, com temáticas como racismo estrutural, justiça restaurativa, recomeços, educação e cultura.
Para o juiz Alexandre Machado, um dos titulares da 16ª Vara de Execuções Penais, a iniciativa reafirma o compromisso do Estado com a dignidade no sistema prisional.
“É com grande satisfação que a 16ª Vara participa desta mostra. É importante reconhecer o papel transformador que a cultura e o conhecimento exercem na vida do ser humano, especialmente daquele privado de liberdade”, afirmou Machado.
O magistrado também destacou o impacto subjetivo da mostra. “Essa prática cria nesse indivíduo um senso de pertencimento e o convida a uma reflexão sobre a própria história e sobre o futuro, que pode ser reconstruído. Afinal, onde há humanidade, há sempre possibilidade de renascimento”.
A pedagoga Priscilla Castro, integrante da equipe multidisciplinar da Vara explica que o trabalho foi construído em parceria com as equipes da 16ª Vara, Seris e Senapen, fortalecendo a proposta de educação em direitos humanos dentro do sistema prisional.
Segundo ela, para muitos dos participantes, essa foi a primeira experiência semelhante à de “ir ao cinema”. “A exibição em tela grande, com organização coletiva e posterior roda de conversa, representa uma novidade significativa no cotidiano das unidades”, ressaltou Priscilla.
A escolha dos filmes é orientada por um propósito pedagógico e social. As obras são escolhidas com o propósito de estimular o debate sobre direitos humanos, identidade, pertencimento, relações sociais, afeto, liberdade, preconceito e superação.
A programação contou com filmes como Confluências, Belos Carnavais, Hábito, Somos Terra e Marina não vai à praia, abordando temas como diversidade, memória, enfrentamento de desigualdades e reconstrução de trajetórias.
As sessões foram encerradas com a escuta das percepções dos participantes e registros das experiências vivenciadas, fortalecendo o papel da arte como instrumento de cidadania e ressocialização.
*Com informações do TJ-AL
