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Andar mais de 3 mil passos por dia pode ajudar a frear a progressão do Alzheimer

Estudo revela que mesmo níveis modestos de atividade física podem retardar os efeitos da demência

Por Redação 04/11/2025 14h02 - Atualizado em 04/11/2025 17h05
Andar mais de 3 mil passos por dia pode ajudar a frear a progressão do Alzheimer
Andar mais de 3 mil passos por dia pode ajudar a frear a progressão do Alzheimer - Foto: Prefeitura de Itapevi/Wikimedia Commons

Um estudo publicado na revista Nature Medicine nesta segunda-feira, 3 de novembro, aponta que caminhar entre 3 mil e 7 mil passos por dia pode retardar significativamente o declínio cognitivo em pessoas com risco de desenvolver Alzheimer. A pesquisa acompanhou 296 participantes entre 50 e 90 anos ao longo de 14 anos e relacionou a contagem de passos com os níveis de proteínas tóxicas associadas à doença.

Segundo os dados, o declínio cognitivo foi retardado em média por três anos em pessoas que caminhavam de 3 a 5 mil passos por dia, e por sete anos naquelas que conseguiam caminhar de 5 a 7 mil passos. Os pesquisadores observaram que mesmo pequenas mudanças na rotina de atividade física podem ter impacto positivo na saúde cerebral.

O Alzheimer está ligado ao acúmulo de placas beta-amiloides e emaranhados de proteína tau no cérebro. O estudo mostrou que pessoas com níveis elevados de amiloide apresentaram declínio cognitivo mais lento quando mantinham uma rotina ativa. Já aqueles com baixos níveis da proteína tiveram menor progressão da doença, independentemente da atividade física.

A demência afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, sendo o Alzheimer sua forma mais comum. Estima-se que quase metade dos casos esteja ligada a fatores de risco modificáveis, como o sedentarismo. Por isso, os pesquisadores reforçam que a prática de exercícios, mesmo em quantidades modestas, pode ser uma aliada na prevenção e no controle da doença.

Ainda não está totalmente claro como o exercício físico atua no combate ao Alzheimer, mas sabe-se que ele melhora o fluxo sanguíneo, reduz inflamações e estimula hormônios e fatores de crescimento que podem proteger o cérebro. Apesar dos avanços, os cientistas alertam para a necessidade de mais estudos, especialmente para entender se há causalidade direta entre atividade física e desaceleração da doença.

“Estamos incentivando os idosos que correm o risco de desenvolver Alzheimer a considerarem pequenas mudanças em seus níveis de atividade, para criarem hábitos sustentáveis que protejam ou beneficiem seu cérebro e saúde cognitiva”, afirmou Wai-Ying Yau, pesquisadora do hospital Mass General Brigham, em entrevista ao The Guardian.