Ciência, tecnologia e inovação

Anvisa aprova medicamento para câncer no sangue com participação de centros brasileiros

Terapia inovadora para mieloma múltiplo reduz risco de progressão da doença e já é usada na Europa

Por Redação 31/10/2025 15h03 - Atualizado em 31/10/2025 16h04
Anvisa aprova medicamento para câncer no sangue com participação de centros brasileiros
Anvisa aprova novo medicamento para câncer no sangue com participação de centros brasileiros - Foto: Andrew Brookes/GettyImages

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento para o tratamento de mieloma múltiplo, o tipo de câncer hematológico mais comum no Brasil. A terapia, chamada Blenrep (belantamabe mafodotina), já foi autorizada em países como Reino Unido e membros da União Europeia, e agora passa a integrar a segunda linha de tratamento no país.

O mieloma múltiplo é caracterizado pela proliferação de células malignas na medula óssea, afetando a produção normal de células sanguíneas. Os pacientes costumam apresentar sintomas como dor óssea, fadiga, anemia, infecções recorrentes e insuficiência renal. No Brasil, são registrados cerca de 7.600 novos casos por ano.

O Blenrep é um anticorpo monoclonal conjugado que se liga seletivamente às células do mieloma e libera uma carga citotóxica diretamente no interior da célula, induzindo sua morte. A aplicação é feita por infusão intravenosa a cada três ou quatro semanas, dependendo da combinação terapêutica.

A aprovação foi baseada em dois estudos clínicos de fase 3, DREAMM-7 e DREAMM-8, que contaram com participação de oito centros de pesquisa brasileiros. Os resultados mostraram redução significativa no risco de progressão da doença ou morte, com destaque para a combinação com bortezomibe e dexametasona, que quase triplicou a sobrevida livre de progressão.

Segundo a hematologista Vania Hungria, principal investigadora do estudo DREAMM-7 no Brasil, os dados reforçam o papel do país na pesquisa clínica internacional. “A participação brasileira amplia o acesso a terapias inovadoras e mostra o impacto positivo para pacientes que enfrentam o mieloma múltiplo”, afirmou.

Apesar dos avanços, o medicamento apresentou efeitos colaterais oculares em parte dos pacientes, como microcistos nos olhos. Por isso, é necessário acompanhamento oftalmológico a cada dose. Segundo Hungria, esses efeitos podem ser controlados com ajuste de dosagem ou suspensão do tratamento.