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Coração pode ser décadas mais velho do que sua idade real, diz estudo

Exame feito pelos pesquisadores no coração dos voluntários é importante para a prevenção de problemas médicos futuros ligados ao coração

Por Metrópoles 06/05/2025 16h04
Coração pode ser décadas mais velho do que sua idade real, diz estudo
Obesidade pode deixar coração mais velho que a própria idade cronológica - Foto: Getty images

Um estudo realizado por pesquisadores do Reino Unido, Singapura e Espanha revelou que pessoas acometidas com doenças como diabetes, obesidade e hipertensão podem ter um coração mais “velho” do que a idade real do corpo. A pesquisa foi publicada na edição de maio da revista científica European Heart Journal Open.

A equipe de pesquisa analisou exames de ressonância magnética cardíaca de 563 voluntários em cinco centros globais. Entre os participantes, 191 pessoas eram saudáveis e outras 366 possuíam fatores de risco cardiovascular. Na comparação, os cientistas perceberam que voluntários com obesidade, diabetes e hipertensão tinham corações que funcionam como se fossem anos ou até décadas mais velhos do que realmente são.

“Imagine descobrir que seu coração é ‘mais velho’ do que você. Para pessoas com condições como pressão alta, diabetes ou obesidade, isso costuma acontecer. Nossa nova abordagem de ressonância magnética não conta apenas seus aniversários, mas também mede o quão bem seu coração está resistindo”, explica o pesquisador principal Pankaj Garg, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, em comunicado.

O átrio esquerdo mostrou alterações mais significativas em relação ao envelhecimento, sendo especialmente acelerado em pessoas com problemas de saúde. A região é responsável por receber o sangue oxigenado dos pulmões e depois conduzi-lo em direção ao ventrículo esquerdo, que o bombeia para o restante do corpo.

Participantes saudáveis tinham a idade cardíaca correspondente à cronológica. Por outro lado, aqueles com fatores de risco possuíam, em média, corações quase cinco anos mais velhos do que a idade real.

Em casos de obesidade, a situação foi pior e a diferença ficou ainda maior. Em média, pessoas com IMC entre 30 e 34,9 tinham corações quatro anos mais velhos. Os com obesidade moderada (IMC 35-39,9) possuíam o órgão cinco anos mais envelhecido. Participantes com obesidade grave (IMC acima de 40) tinham corações com até 45 anos a mais que a idade cronológica.

Outros padrões incomuns chamaram a atenção dos pesquisadores. Por exemplo, diabéticos na meia-idade (faixa dos 40 anos) tinham corações com idade estimada em até 56 anos a mais que a real. A hipertensão arterial fez com que o coração envelhecesse antes do tempo, de forma contínua, até os 70 anos. Já em pessoas com fibrilação atrial, o coração era mais velho em qualquer idade, não importando se o paciente era jovem ou idoso.

A descoberta é importante, pois pode ajudar a população que sofre com essas condições a buscar uma mudança de vida, adotando mudanças na rotina alimentar e na prática regular de exercícios físicos.

“Ao saber a verdadeira idade do seu coração, os pacientes podem obter conselhos ou tratamentos para retardar o processo de envelhecimento, potencialmente prevenindo ataques cardíacos ou derrames. Também pode ser o alerta que as pessoas precisam para cuidar melhor de si mesmas — seja comendo de forma mais saudável, praticando mais exercícios ou seguindo os conselhos médicos. Trata-se de dar às pessoas uma chance de lutar contra doenças cardíacas”, destaca Garg.