Agro

Nova queda do ATR agrava crise que atinge fornecedores de cana de AL

O valor líquido do quilo de ATR (Açúcar Total Recuperável) recuou de R$ 1,1830 em outubro para R$ 1,1750 em novembro

Por Blog de Edivaldo Junior 04/12/2025 09h09
Nova queda do ATR agrava crise que atinge fornecedores de cana de AL
Carregamento de cana em Alagoas - Foto: Edivaldo Junior

A nova tabela divulgada pelo Consecana-AL/SE confirmou um cenário que o fornecedor de cana preferia não ver repetido: depois de um tombo superior a 12% em outubro, o ATR voltou a cair em novembro, desta vez 0,68%. Pode parecer pouco, mas a frustração dos fornecedores é ainda maior do que no mês anterior, até porque eles esperavam uma reação — que mais uma vez não veio.

O valor líquido do quilo de ATR (Açúcar Total Recuperável) recuou de R$ 1,1830 em outubro para R$ 1,1750 em novembro. Na prática, o resultado frustra a esperança de estabilização no curto prazo e aprofunda uma crise que já atinge diretamente produtores, especialmente os pequenos fornecedores.

Para os fornecedores, a sequência de quedas representa o agravamento da crise. Segundo Edgar Filho, presidente da Asplana, a situação é especialmente dura para os pequenos produtores.

“As usinas estão em situação difícil, mas têm mecanismos de defesa para enfrentar a crise. Já o fornecedor conta apenas com o valor da matéria-prima para manter a sua propriedade e, com esses preços, inclusive com algumas usinas dificultando a relação com o fornecedor, a situação é de desânimo. Muitos produtores vão perder produtividade e até parte do seu canavial se a ajuda não chegar”, alerta.

Ajuda


Diante da queda acentuada do ATR, que define o pagamento da cana aos fornecedores, o setor um dos períodos mais difíceis das últimas décadas. Para evitar o colapso da atividade, a Asplana (Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas) se uniu a outras entidades representativas do Nordeste e do país na defesa da aprovação de uma subvenção econômica de R$ 12 por tonelada de cana destinada aos pequenos fornecedores.

“Sem essa ajuda, o pequeno fornecedor não sobrevive. O preço do ATR caiu, o açúcar despencou no mercado internacional e o custo de produção está altíssimo. A subvenção é a única forma de garantir a continuidade da atividade e manter os empregos que a cana gera em Alagoas e em todo o Nordeste”, afirmou Edgar.

Edgar lembra que o setor emprega mais de 60 mil pessoas diretamente em Alagoas e cerca de 130 mil em todo o Nordeste, sendo uma das principais bases econômicas e sociais da região. Segundo ele, o momento é de “grave ameaça” ao futuro da atividade.

“Há queda de preço, queda de produtividade e queda de rentabilidade. Se nada for feito, veremos uma quebradeira generalizada. A subvenção é um gesto de socorro necessário para evitar o desmonte do setor”, reforçou o presidente da Asplana.

A Asplana também está pedindo uma audiência ao governador Paulo Dantas para pedir ajuda ao governo do Estado: “o nosso setor gera emprego e desenvolvimento em Alagoas e nada mais justo num momento como esse do que Estado ajudar o fornecedor a superar essa crise com medidas concretas como um crédito presumido ou a distribuição de adubo para ajudar os pequenos a manter vivo seu canavial”, defende Edgar.

Para os produtores, a aprovação da medida é urgente. “A cana não pode esperar”, resume Edgar Filho. “Precisamos de uma decisão rápida para que os pequenos produtores tenham condições de atravessar este momento crítico. Sem apoio, há risco real de desmonte de um setor que garante renda, sustento e emprego para milhares de famílias alagoanas.”

ATR


O Açúcar Total Recuperável (ATR) apresentou uma nova variação negativa de preço em novembro. Na comparação entre os dois meses, o percentual de redução foi de 0,68%.

Segundo informou o Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar e Etanol dos Estados de Alagoas e Sergipe (Consecana-AL/SE), o valor líquido caiu de R$ 1,1830 em outubro para R$ 1,1750 em novembro.

Entre os produtos que compõem o mix da cana, apenas o açúcar destinado ao mercado mundial apresentou alta, subindo de R$ 105,77 para R$ 108,43 o saco. O VHP, negociado no mercado americano, permaneceu estável em R$ 136,93. Já o açúcar cristal registrou queda expressiva, passando de R$ 136,98 para R$ 127,32.

O etanol também manteve a trajetória negativa que vem caracterizando os últimos meses. O anidro caiu de R$ 3,061 para R$ 3,006, enquanto o hidratado recuou de R$ 2,876 para R$ 2,733. Com isso, o preço médio do ATR nos produtos ficou em R$ 1,9881 no mês, com acumulado de R$ 2,0141. A tonelada da cana-padrão fechou novembro a R$ 134,0558, ligeiramente abaixo do valor acumulado de R$ 135,8127.