Agro

Embrapa desenvolve novas variedades de abacaxi resistentes à fusariose

Cultivares BRS Sol Bahia e BRS Diamante oferecem vantagens em sabor, resistência e produtividade para abacaxicultores do Brasil

Por Redação com Embrapa 12/11/2025 20h08
Embrapa desenvolve novas variedades de abacaxi resistentes à fusariose
Causada pelo fungo Fusarium guttiforme, a fusariose é responsável por prejuízos expressivos à produção nacional - Foto: Reprodução

Em 2023, uma imagem impressionante registrada em Frutal (MG) chamou a atenção de pesquisadores e produtores de abacaxi. Ao lado de uma plantação devastada pela fusariose, uma área com frutos intactos e sem sinais da doença se destacava. Nesse campo, estavam as novas variedades de abacaxi BRS Sol Bahia e BRS Diamante, desenvolvidas pela Embrapa, que agora começam a ser adotadas por abacaxicultores em todo o Brasil.

A fusariose, doença causada pelo fungo Fusarium guttiforme, tem sido um dos maiores desafios para a produção de abacaxi no país. A doença compromete o desenvolvimento das plantas, impede o uso de mudas infectadas e afeta a qualidade dos frutos, gerando grandes perdas econômicas. As novas variedades de abacaxi da Embrapa apresentam resistência total à fusariose, o que representa uma enorme vantagem para os produtores, ao reduzir a necessidade de tratamentos com fungicidas e aumentar a sustentabilidade da cultura.

Além da resistência à fusariose, as variedades BRS Sol Bahia e BRS Diamante oferecem maior firmeza dos frutos, melhor sabor, elevado teor de açúcares e baixa acidez, características que tornam o produto mais atraente para o consumidor e facilitam o transporte e a conservação nas prateleiras. Os pesquisadores ressaltam também que esses abacaxis apresentam uma produtividade superior, com uma média de 56 toneladas por hectare, bem acima da média nacional de 26 toneladas por hectare.

A resistência à fusariose é um dos maiores diferenciais dessas cultivares, já que as variedades mais comuns no Brasil, como o Pérola e o Smooth Cayenne, são suscetíveis à doença, o que pode resultar em perdas de até 100% da produção. De acordo com Davi Junghans, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), líder do programa de melhoramento genético do abacaxi, a resistência dessas novas variedades é total, o que significa que elas não sofrem com a doença como as plantas tradicionais.

"Enquanto outras variedades podem ser tolerantes à doença, nossas cultivares oferecem resistência total. A fusariose pode dizimar uma plantação inteira, e a introdução dessas variedades ajudará a mitigar esse risco e aumentar a produtividade da cultura", afirma Junghans.

As duas novas variedades têm tamanho semelhante ao do Pérola — o BRS Sol Bahia pesa, em média, 1,37 kg, e o BRS Diamante, 1,67 kg. A polpa de ambos é cremosa e apresenta um sabor doce e equilibrado, com poucos espinhos nas folhas, facilitando o manejo da cultura. Além disso, as novas cultivares têm uma janela de colheita mais flexível, com a recomendação de que os frutos sejam colhidos no estágio de casca colorida (50% a 75% amarela), o que garante maior vida útil e sabor. Em comparação, o Pérola deve ser colhido ainda verde, o que limita seu tempo de prateleira.

Outra característica importante das novas variedades é a capacidade de produzir mudas filhotes, um fator essencial para a expansão da produção de abacaxi. Cada hectare de abacaxi necessita de cerca de 35 mil mudas, e a possibilidade de gerar filhotes adicionais facilita a renovação das lavouras e o aumento da produção.

Daniel Angelucci, pesquisador da Epamig, enfatiza a importância de divulgar as vantagens das novas cultivares, principalmente a resistência à fusariose e a redução do uso de fungicidas, o que representa uma economia significativa para os produtores.

Além das características agronômicas, análises sensoriais realizadas no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Embrapa confirmaram a alta aceitação dos consumidores em relação ao sabor e à qualidade das novas variedades.