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Maceió volta à pesquisa nacional da cesta básica após oito anos

Levantamento nacional da cesta básica agora cobre todo o país e contribui para ações de combate à insegurança alimentar; celebração da parceria entre Diesse e Conab em Alagoas ocorreu nesta quarta-feira (20), na capital

Por BCCOM Comunicação 20/08/2025 18h06
Maceió volta à pesquisa nacional da cesta básica após oito anos
Todas as unidades com escritórios vinculados à Conab celebraram oficialmente o lançamento da nova fase da parceria - Foto: Assessoria

Após oito anos, Maceió voltou a integrar a pesquisa nacional de preços dos alimentos da cesta básica. A reinclusão da capital alagoana é resultado de um acordo firmado em 2025 entre a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A parceria tem como objetivo realizar o monitoramento mensal da cesta básica em todas as 27 unidades federativas do país.

Nesta quarta-feira (20), todas as unidades com escritórios vinculados à Conab celebraram oficialmente o lançamento da nova fase da parceria. Em Alagoas, o evento ocorreu no auditório da Superintendência da Conab, no centro de Maceió.

Estiveram presentes Eliseu Rego, superintendente da Conab em Alagoas, e sua equipe técnica; Aline Rodrigues, secretária de Agricultura e Pecuária (Seagri-AL); Jorge Marques, superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) no estado; Ana Georgina da Silva, supervisora técnica do Dieese na Bahia; Ibrahim Serra, cientista social e pesquisador da cesta básica pelo Dieese em Maceió; Marcos Antônio, coordenador nacional da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FML); Danilo Brandão, engenheiro agrícola da Emater-AL; além de Renato Harley e Fabio Manuel, gerente e assessor técnico da Agência Nacional de Gestão de Pessoas (Amgesp), entre outros convidados.

Durante a cerimônia, Ana Georgina ressaltou a importância da pesquisa para orientar políticas públicas voltadas à segurança alimentar.

“Essa parceria é fundamental para termos um retrato mais completo do Brasil ou, ao menos, de todas as capitais, permitindo que políticas públicas cheguem a quem realmente precisa. Não se trata apenas de garantir acesso à alimentação de qualidade, mas também de assegurar que todas as pessoas tenham a quantidade necessária para sua subsistência. Esse estudo é um passo importante para compreendermos o impacto dos preços dos alimentos no orçamento das famílias trabalhadoras”, afirmou.

Ampliação da pesquisaAntes restrita a 13 produtos em 17 capitais, a pesquisa da cesta básica agora será realizada semanalmente nas 27 capitais brasileiras, com foco em 30 itens alimentícios. A coleta dos dados ocorre em bares, restaurantes, supermercados, feiras, padarias e outros estabelecimentos comerciais.

Para Eliseu Rego, a unificação dos esforços entre Conab e Dieese trará maior qualidade aos dados levantados: “A Conab e o Dieese já realizavam pesquisas de forma separada, mas agora trabalharão de forma integrada. Esse convênio permitirá um monitoramento mais preciso, beneficiando inclusive órgãos como o IBGE. A expertise técnica das duas instituições, aliada ao acervo de dados acumulado, vai garantir uma análise ainda mais qualificada dos preços dos produtos essenciais”, destacou.

Programas de alimentação fortalecem agricultura familiar em AlagoasA secretária de Agricultura e Pecuária de Alagoas (Seagri-AL), Aline Rodrigues, ressaltou a importância de conhecer o poder de compra da população local, especialmente em Maceió, para a formulação de políticas públicas eficazes.

“É fundamental entender o poder de compra do alagoano, especialmente dos moradores da capital. Temos programas importantes voltados para a segurança alimentar, como o Planta Alagoas, que garante a aquisição de grãos de milho e feijão utilizados na subsistência dos pequenos produtores, sendo o excedente destinado à comercialização. Isso fortalece a economia local e contribui diretamente para o poder de compra das famílias”, explicou.

A secretária também destacou a atuação conjunta com o Governo Federal por meio do programa PAA Leite, voltado ao combate à insegurança alimentar: “No PAA Leite, adquirimos leite de pequenos produtores do estado, por meio de cooperativas, e distribuímos para crianças, idosos e instituições que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar. É uma política que une geração de renda no campo com assistência às populações mais necessitadas”, completou.

Custo da cesta em julho

Segundo levantamento da Dieese, o preço médio da cesta básica em Maceió no mês de julho foi de R$ 621,74 por pessoa. Georgina destacou que esse valor representa mais de um terço do salário mínimo vigente.

“Quanto maior a família, maior será o gasto mensal com alimentação. Por isso, essa ampliação da análise é essencial não só para pensar a política de abastecimento de alimentos, mas também a política do salário mínimo, que afeta a maior parte dos trabalhadores e trabalhadoras do país”, explicou.

Ela também reforçou que, segundo cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário para garantir uma vida digna às famílias brasileiras seria de mais de R$ 7 mil. Esse valor considera despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, higiene, transporte, vestuário e previdência. O comparativo entre o salário mínimo atual e o necessário está disponível no site do departamento.

Retomada da pesquisa em Maceió

O cientista social Ibrahim Serra, responsável pela coleta dos dados em Maceió, lembrou que a última pesquisa na cidade havia sido realizada em 2017. Desde então, o Dieese vem articulando a retomada da parceria com a Conab para ampliar o monitoramento.

“Iniciamos uma pesquisa preliminar em março deste ano e, em abril, começamos o levantamento regular de preços em estabelecimentos comerciais, de supermercados a feiras, açougues e padarias. Nosso objetivo é fornecer subsídios concretos para políticas públicas e ajustes salariais. Estar em campo nos permite entender como os preços chegam ao consumidor final”, afirmou.

Os resultados da avaliação trimestral (abril a julho) dos 13 produtos da cesta básica em Maceió estarão disponíveis no site do Dieese. Segundo Ibrahim, a meta é ampliar gradualmente o número de itens avaliados, considerando também fatores culturais e hábitos alimentares da população local.

“A ideia é incluir alimentos tradicionalmente consumidos no Nordeste e, especificamente, em Maceió, para tornar a análise da cesta básica mais representativa da realidade da nossa população”, concluiu.