Agro

Produção global de alimentos deve crescer cerca de 14% até 2034, diz relatório

É esperado um aumento de 17% na produção de carne, laticínios e ovos no período

Por Globo Rural 16/07/2025 10h10 - Atualizado em 16/07/2025 10h10
Produção global de alimentos deve crescer cerca de 14% até 2034, diz relatório
Os cereais devem ter uma taxa de crescimento anual de 1,1% - Foto: Wenderson Araujo/CNA

A produção global de alimentos deve crescer cerca de 14% até 2034, com destaque para o avanço dos países de renda média, estima a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) em relatório divulgado nesta terça-feira (15/7). Também é esperado um aumento de 17% na produção de carne, laticínios e ovos no período.

Segundo o estudo, esse crescimento será sustentado principalmente por ganhos de produtividade, embora envolva também a expansão de rebanhos e áreas de cultivo. Como consequência, as emissões diretas de gases de efeito estufa do setor agrícola devem aumentar 6%, apesar de uma redução na intensidade de carbono por unidade produzida.

O relatório destaca que o crescimento da demanda por alimentos de origem animal será puxado pelas economias emergentes. Índia e países do Sudeste Asiático devem responder por 39% da expansão do consumo até 2034. A participação da China, que foi de 32% na década anterior, deve cair para 13%. Já nos países de alta renda, prevê-se uma redução no consumo per capita de gorduras e adoçantes, atribuída a mudanças nos hábitos alimentares, políticas públicas e preocupações de saúde.

As calorias provenientes de alimentos de origem animal devem crescer 6% em média global, mas em países de renda média-baixa o avanço projetado é de 24%. Ainda assim, a desigualdade no acesso à alimentação persiste. Enquanto esses países devem atingir uma média de 364 kcal per capita por dia, nos países de baixa renda a ingestão média prevista é de apenas 143 kcal, menos da metade da referência de 300 kcal utilizada pela FAO como base para uma dieta saudável.

Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, afirmou que políticas coordenadas serão fundamentais para manter os mercados abertos e promover sustentabilidade. “Temos as ferramentas para acabar com a fome e melhorar a segurança alimentar global”, disse

“Essas projeções apontam para uma melhor nutrição para muitas pessoas em países em desenvolvimento — um resultado positivo que precisa ser ampliado para alcançar os países de menor renda”, disse o Diretor-Geral da FAO, QU Dongyu. “A menor intensidade de carbono dos sistemas agroalimentares também é bem-vinda, mas podemos fazer mais

Entre as commodities, os cereais devem ter uma taxa de crescimento anual de 1,1%, impulsionada por um aumento de 0,9% nos rendimentos. A área cultivada, porém, deve crescer apenas 0,14% ao ano, menos da metade do observado na década anterior.

Segundo a análise, 40% da produção de cereais será consumida diretamente por humanos, 33% destinada à alimentação animal, e o restante será voltado para biocombustíveis e outros usos industriais.

O relatório também estima uma expansão na demanda global por biocombustíveis, com crescimento anual de 0,9%, concentrado em países como Brasil, Índia e Indonésia. No setor pecuário, a África Subsaariana é citada como uma região com potencial significativo de crescimento. A região possui um rebanho bovino três vezes maior que o da América do Norte e deve registrar aumento de 15% até 2034, embora a produção por animal ainda seja dez vezes menor.

Para enfrentar os desafios de segurança alimentar e mudanças climáticas, a OCDE e a FAO sugerem o aumento da produtividade agrícola por meio da adoção de tecnologias como agricultura de precisão, melhor manejo de água e nutrientes, e práticas sustentáveis de cultivo. Uma análise de cenário apresentada no relatório indica que, com um ganho de 15% na produtividade, seria possível erradicar a subnutrição global e reduzir em 7% as emissões diretas da agricultura.

O documento reforça também a importância da cooperação internacional e do comércio agrícola baseado em regras, especialmente diante de possíveis interrupções nas cadeias de suprimento. Atualmente, estima-se que 22% das calorias consumidas globalmente cruzem fronteiras antes de chegar ao consumidor final.