Agro
Sistema Faeal/Senar realizam Dia de Campo sobre Projeto Forrageiras para o Semiárido, no Sertão de Alagoas
Encontro reallizado na URT de Monteirópolis reuniu produtores, técnicos e pesquisadores para apresentar resultados do projeto que identifica e avalia espécies forrageiras adaptadas ao clima seco, promovendo ganhos expressivos no peso de bovinos no estado

A Unidade de Referência Tecnológica (URT) de Monteirópolis, localizada no povoado Lagoa do Rancho, na região da bacia leiteira do Sertão de Alagoas, foi palco nesta terça-feira (8) de um Dia de Campo do Projeto Forrageiras para o Semiárido.
A iniciativa, que percorre os estados do Nordeste, tem como objetivo identificar as espécies de palma forrageira mais adaptadas às condições de clima e solo do semiárido, marcado por altas temperaturas e baixa pluviosidade, além de avaliar a resiliência das plantas ao pastejo de bovinos e ovinos.

O encontro foi promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Alagoas (Senar-AL) e a Federação da Agricultura e Pecuária de Alagoas (Faeal), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Embrapa. Aproximadamente de 100 pessoas participaram da programação, entre técnicos agrícolas da Assistência Técnica e Gerencial (ATEG) do Senar-AL, supervisores de campo, representantes da Emater, além de pesquisadores e estudantes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) – Campus Santana do Ipanema, e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
A programação técnica foi dividida em três estações de palestras. Alenilda Carvalho, supervisora do ICNA, apresentou os resultados da primeira fase do projeto, iniciado em 2017, que testou 30 espécies forrageiras, entre cactáceas, leguminosas arbóreas, gramíneas perenes e anuais. “Dentre as gramíneas perenes, sete foram selecionadas para a fase 2, iniciada em 2022. Nessa nova etapa, introduzimos o componente animal, permitindo que as plantas fossem submetidas ao pastejo. A partir disso, buscamos resultados mais precisos sobre a resiliência das espécies frente ao pastejo e às condições de sequeiro no semiárido”, explicou.
Otávio Couto, técnico de campo do ICNA, e também responsável pela URT, abordou temas ligados à produção e conservação de forrageiras anuais, como a silagem e a poupança forrageira. Em seguida, o pesquisador da Embrapa, Dr. Rafael Dantas, falou sobre manejo sanitário e seleção de novilhas leiteiras adaptadas ao semiárido.
“Nada é mais importante para o produtor rural do que ter acesso aos resultados de um projeto de pesquisa como este, inédito em Alagoas. Com base nessas informações, o pequeno produtor pode investir com mais segurança nas variedades de forrageiras que realmente funcionam na sua realidade, garantindo que os animais terão alimento mesmo durante o período seco. Além disso, é gratificante ver o envolvimento dos estudantes do Ifal e da Ufal, que estão aqui em busca de conhecimento e contribuindo para a troca de experiências. Em outros estados, por exemplo, o sorgo já apresentou excelente desempenho graças a essa iniciativa”, destacou Ellen Oliveira, gerente de ATEG do Senar-AL.
Ellen também ressaltou que o projeto vai além da escolha das forrageiras: “Para garantir o bom desempenho dos animais, é necessário seguir alguns protocolos, como a construção de sombrites, a instalação de caixas d’água e a oferta de suplementos. Tudo isso é acompanhado de perto por um técnico do Senar, que permanece na propriedade diariamente, avaliando a sanidade dos animais, orientando o manejo e repassando essas informações ao produtor. Durante os Dias de Campo, mostramos esse trabalho na prática, para que outros produtores também possam aplicar em suas propriedades”, complementou.

Espécies testadas e ganho de peso animal
Na primeira fase do projeto, foram implantados quatro campos experimentais de forrageiras em áreas da Unidade de Referência Tecnológica (URT), cedidas pelo produtor André Ramalho. As espécies escolhidas foram: Andropogon e Buffel, indicadas para o período chuvoso; e as variedades Tamani e Massai, mais adaptadas ao período seco.
Cerca de 18 animais da raça Girolando foram inseridos no sistema de pastejo, para avaliar na prática a eficiência das forrageiras testadas.Os bovinos entraram no experimento com peso médio de 170 kg e permanecem até atingirem 450 kg, quando são substituídos por um novo lote.
“Foi exatamente o que aconteceu com os primeiros animais, que atingiram o peso previsto. Em agosto de 2024, iniciamos um novo ciclo com outro grupo, também com 170 kg, e hoje, em julho, eles já estão com média de 420 kg”, explicou Otávio Couto, técnico de campo do ICNA e responsável pela URT.
Ainda segundo o engenheiro agrônomo, os resultados são bastante animadores: “Os animais vêm apresentando ganhos consistentes de peso. Nossa meta era alcançar uma média diária de 600 gramas, e, em muitos casos, esse índice está sendo superado. Os dados obtidos até agora são bastante satisfatórios”, concluiu.
