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“Intervenção” de Ministério em Alagoas é criticada por sindicato

Em nota, entidade reclama de primeira etapa com falhas, criação de municípios inexistentes e pedido de cota para combustível, veículos e hospedagem

Por Redação 21/03/2022 12h12 - Atualizado em 21/03/2022 18h06
“Intervenção” de Ministério em Alagoas é criticada por sindicato
Vacinação começa nesta segunda-feira (21) - Foto: Divulgação

Começou nesta segunda-feira (21) a segunda etapa da vacinação contra a peste suína clássica em Alagoas, realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Só que, sem a participação da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (ADEAL), fato criticado nas redes pela Agência e também pelo sindicato dos servidores do órgão.

Segundo o Sindicato dos Servidores de Fiscalização Estadual Agropecuária de Alagoas (Sinfeagro/AL), entidade que representa os servidores da ADEAL, a intervenção no Programa de Sanidade Suína do Estado foi classificada como “atitude clandestina” pelos técnicos da agência estadual.

Neste domingo (20), a Adeal soltou uma nota em suas redes sociais, informando a todos os órgãos públicos e prefeituras que, “Não solicitou – em nenhum momento – ajuda para a cota de combustível, veículo ou acomodações com a finalidade de atender a demanda de vacinadores que fazem parte da campanha de vacinação contra a Peste Suína Clássica – PSC”.

Os vacinadores, segunda a nota da Adeal, foram contratados pela iniciativa privada, “sob a coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, o que mostra, na verdade, que a vacinação sofreu uma “intervenção” federal em Alagoas.

O Sinfeagro, também em nota, afirma que a primeira etapa de vacinação contra a doença, realizada em maio de 2021, “não cumpriu os três pilares do Plano Brasil Livre da PSC, como a integração institucional, sustentabilidade financeira e reestruturação do Serviço Veterinário Estadual (SVE), este último prometido pela própria Ministra de Agricultura, Tereza Cristina, durante o lançamento do projeto piloto”.

Na semana passada, membros do Ministério participaram de uma reunião com representantes da iniciativa privada e com a diretoria da ADEAL, para a articulação e realização da segunda etapa da campanha de vacinação contra a doença, mas, em nota, o órgão estadual anunciou à população alagoana que não estava participando do processo. Os técnicos da agência deveriam, logicamente, ser os responsáveis pela vacinação.

“Foram vários conflitos: desde o número de vacinadores programados aos contratados em apenas 20% do planejado, falhas nas estimativas, como o não repasse de informações ao ponto de até o momento não termos de fato o número exato de animais vacinados, além da falta de disponibilidade estrutural e condições de trabalho, dentre outros”, diz o texto do sindicato.

“Não obtendo retorno para evoluir em conjunto, buscando a realização da nova etapa de vacinação contra PSC, a ADEAL se retirou do projeto piloto, destacando que todo o processo vem sendo discutido e decidido em conjunto com a Gestão e o corpo técnico do Órgão Estadual”.

O Ministério da Agricultura teria enviado técnicos para visitar produtores e revendedores de suínos em Alagoas, o que o Sinfeagro considera uma atitude clandestina. “Não era de conhecimento dos servidores da ADEAL a presença dos técnicos do MAPA em Alagoas”, garantiu o sindicato.

“O levantamento está tão torto e o planejamento tão amador que na publicidade efetuada no site ‘criaram’ mais dez municípios no Estado, informando que a vacinação ocorrerá em 112 municípios, mas Alagoas possui apenas 102. Alguns vacinadores contratados estão procurando os municípios e solicitando combustível, veículos e acomodações. Hoje este fato está ocorrendo em nosso Estado, não se vê outra forma de titular este ato, se não como uma Intervenção do MAPA no Programa Estadual de Sanidade Suína de Alagoas e usurpação das atribuições dos Servidores do SVE”.
A equipe do Jornal de Alagoas procurou a informação sobre os 112 municípios divulgados em Alagoas pelo Ministério da Agricultura e não conseguiu encontrar no link fornecido pelo sindicato.

A vacinação


Em texto divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é informado que a segunda etapa do projeto piloto de de implantação do Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica (PSC) em Alagoas, lançado em parceria com a iniciativa privada, será realizado com vacinas doadas pela Zoetis Indústria de Produtos Veterinários LTDA e a aplicação das doses será feita por 120 vacinadores contratados pela iniciativa privada. O custo será de R$ 2 milhões.

Confira abaixo, a íntegra da nota do Sinfeagro/AL:

- Primeira etapa de vacinação contra a Peste Suína (PSC) Nenhum dos três pilares do Plano Brasil Livre da PSC foi cumprido. Integração institucional, sustentabilidade financeira, e reestruturação do SVE, este último prometido pela própria ministra da agricultura durante o lançamento do projeto piloto. Vários conflitos: desde o número de vacinadores programados aos contratados em apenas 20% do planejado, o não repasse de informações ao ponto de até o momento não termos de fato a vacinação fechada, falta de disponibilidade estrutural e condições de trabalho, falhas nas estimativas, dentre outros.

- Segunda etapa de vacinação contra a Peste Suína Clássica (PSC) Em meados de agosto de 2021 o MAPA aventou a possibilidade da realização da 2ª etapa e a ADEAL se dispôs, porém e apesar do MAPA se recusar a discutir os problemas ocorridos na 1ª etapa. Mesmo assim, a ADEAL insistiu que, para sua participação na 2ª etapa, deveria haver planejamento e com cada ator assumindo seu papel. Não obtendo retorno para evoluir em conjunto buscando a realização da nova etapa de vacinação contra PSC, a ADEAL se retirou do projeto piloto, destacando que todo o processo vem sendo discutido e decidido em conjunto com a Gestão e o corpo técnico da ADEAL.

Na semana anterior ao início da divulgação etapa de vacinação, recebemos a informação que técnicos do MAPA estavam planejamento 2ª etapa de vacinação em nosso Estado, visitando estabelecimentos e efetuando levantamento de informações, contatos com revendas e algumas unidades de produção de suínos, além de, contratando vacinadores. Realizando atividades exclusivas dos técnicos e servidores da ADEAL. Momento que identificamos a atitude clandestina, vez que não era de nosso conhecimento a presença dos técnicos do MAPA em nosso Estado. Os técnicos da ADEAL completamente alheios a realização destes levantamentos, acordos e contratações. O levantamento está tão torto e o planejamento tão amador que na publicidade efetuada no site https://suisite.com.br/abcs "criaram" mais dez municípios no Estado, informando que a vacinação ocorrerá em 112 municípios e o Estado de Alagoas possui 102 municípios. Alguns vacinadores contratados estão procurando os municípios e solicitando combustível, veículos e acomodações. Hoje este fato está ocorrendo em nosso Estado, não se vê outra forma de titular este ato, se não como uma Intervenção do MAPA no Programa Estadual de Sanidade Suína de Alagoas e usurpação das atribuições dos Servidores do Serviço Veterinário Oficial do estado de Alagoas.