Aos 76 anos, o ex-governador Ronaldo Lessa é um dos políticos mais experientes de Alagoas em atividade. Poucos nomes atravessaram diferentes fases da vida pública estadual como ele, um percurso marcado por vitórias, derrotas e permanência no centro do debate político.

Na trajetória, foi vereador, prefeito e vice-prefeito de Maceió, deputado federal, deputado federal e ministro. Agora vice-governador do Estado e presidente estadual do PDT, vive um dilema: encerrar a carreira, indo até o final do mandato junto com o governador Paulo Dantas ou tentar mais uma eleição no próximo ano.

A trajetória é longa. Depois do mandato de deputado estadual, em 1982, Lessa disputou o governo de Alagoas em 1986, sendo derrotado. Seguiu na política como vereador de Maceió (1988), chegou à Prefeitura da capital (1992) e, anos depois, conquistou o governo do Estado (1998), cargo que exerceu por dois mandatos consecutivos. Tentou o Senado (2006) e o governo (2010) , não obteve êxito, e mais adiante foi eleito deputado federal (2014), sem conseguir a reeleição. Retornou à política municipal como vice-prefeito de Maceió (2020) e, atualmente, ocupa a Vice-Governadoria do Estado, cargo para o qual foi eleito em 2022.

Mesmo após mais de quatro décadas de vida pública, aliados avaliam que Lessa ainda teria fôlego para ao menos mais uma disputa eleitoral. A expectativa, nos bastidores, é que ele volte a se apresentar ao eleitorado em 2026. A principal dúvida, no entanto, não é se será candidato, mas a qual cargo. A possibilidade de uma candidatura ao Senado é considerada natural. Lessa tem densidade política, histórico de protagonismo e reconhecimento estadual. Ao mesmo tempo, interlocutores admitem que seria uma disputa difícil, com chances limitadas de vitória diante do cenário projetado para a próxima eleição majoritária.

Em outra frente, cresce a avaliação de que uma candidatura a deputado estadual poderia ser mais competitiva. Nesse cenário, Lessa teria a opção de montar uma chapa própria pelo PDT, atraindo nomes interessados em disputar o Legislativo sob sua liderança. Com apoio de aliados do governo Paulo Dantas e de outras forças políticas, poderia ir às ruas em busca do que muitos classificam como sua última eleição.

Lessa circula com facilidade entre servidores públicos, segmentos organizados e bases históricas do pedetismo, fatores que ainda lhe garantem presença e influência. O incentivo familiar e político também pesa. O conselheiro do Tribunal de Contas, Otávio Lessa, irmão do vice-governador, é apontado como um dos maiores incentivadores de uma nova candidatura.

Além dele, dirigentes do PDT e lideranças próximas defendem que Lessa dispute o pleito do próximo ano, especialmente diante do fato de que Paulo Dantas tende a concluir integralmente seu mandato no Palácio República dos Palmares.

Nesse cenário, Lessa teria duas alternativas: encerrar a carreira como vice-governador ou tentar mais uma vez o voto popular. A seu favor, há um detalhe importante: ele pode disputar qualquer cargo em 2026 sem necessidade de renunciar à Vice-Governadoria.