Política
O dilema de JHC: arriscar tudo no governo, sem perder vaga no Senado
Os números mostram que ele é competitivo tanto na disputa pelo governo de Alagoas quanto, sobretudo, para o Senado
Bem posicionado nas pesquisas eleitorais mais recentes, o prefeito de Maceió, JHC (PL), entra agora numa fase decisiva para seu futuro na política. Os números mostram que ele é competitivo tanto na disputa pelo governo de Alagoas quanto, sobretudo, para o Senado. A “leitura” é praticamente consensual entre os líderes políticos do Estado: se a eleição fosse hoje, JHC seria eleito senador com facilidade, ocupando uma das duas vagas em disputa.
Esse cenário favorável, no entanto, abre um dilema que JHC precisará resolver em breve. Permanecer na Prefeitura de Maceió até o fim do mandato? Ou deixar o cargo para disputar uma eleição majoritária em 2026? E, nesse caso, qual caminho oferece menor risco político: o governo do Estado ou o Senado?
O problema é que JHC quer os dois. Neste momento ele sonha com um cenário em que seria possível ganhar o governo e manter a vaga que hoje é de Eudócia Caldas no Senado. Nada é tão simples quanto parece.
Avaliações internas do próprio grupo indicam que a situação de JHC é muito mais confortável em uma eventual disputa ao Senado. Além das pesquisas, há o entendimento de que ele reúne hoje densidade eleitoral, recall de gestão e articulação política suficientes para vencer com margem.
Já a corrida pelo governo é considerada mais complexa, sobretudo diante da força do ministro Renan Filho (MDB), que lidera cenários e conta com ampla base de apoio no interior.
É nesse contexto que surge o teste do nome da primeira-dama de Maceió, Marina Candia, como possível candidata — tanto ao Senado quanto à Câmara Federal. A movimentação não é aleatória. Segundo interlocutores do núcleo político do prefeito, JHC tem deixado claro a aliados mais próximos que não pretende abrir mão da vaga de senador atualmente ocupada por sua mãe, a senadora Eudócia Caldas.
Eudócia assumiu o mandato após Rodrigo Cunha deixar o Senado para compor, como vice-prefeito, a chapa de JHC em Maceió. Foi um movimento de grande habilidade, considerado um “golaço”, de JHC , Com isso, o grupo Caldas passou a controlar uma cadeira no Senado por mais de dois anos. A avaliação interna é de que essa vaga é estratégica e precisa ser mantida dentro do grupo político.
A forma mais segura de garantir isso seria o próprio JHC disputar o Senado. A outra alternativa — considerada mais conservadora — é ele manter a Prefeitura e lançar Marina Candia, utilizando o peso político e administrativo da capital para viabilizar sua eleição.
Está aí o motivo de o nome dela aparecer nas pesquisas como “Marina JHC”: o objetivo é medir até que ponto a associação direta com o prefeito é suficiente para torná-la competitiva, especialmente em uma disputa majoritária de alto risco como a do Senado.
Há ainda um terceiro cenário, considerado o mais arriscado. JHC poderia deixar a Prefeitura para disputar o governo e lançar Marina Candia ao Senado. Nesse caso, o risco é duplo: ele teria de renunciar até o início de abril de 2026, entregando a gestão com quase três anos ainda pela frente, e poderia sair derrotado tanto no governo quanto na tentativa de eleger a esposa ao Senado. Seria, na avaliação de aliados, “perder tudo”.
Por isso, a tendência observada hoje é de cautela. JHC só consideraria disputar o governo se tivesse absoluta segurança de que Marina Candia estaria consolidada como favorita ao Senado, liderando pesquisas e com baixa margem de risco. Sem isso, o caminho mais provável seria ou disputar ele próprio o Senado ou permanecer na Prefeitura tentando eleger a esposa, mantendo a vaga sob controle do grupo.
Esse dilema terá de ser resolvido em curto prazo. Até o final de março do próximo ano, JHC precisará decidir se deixa ou não a Prefeitura até o dia 2 de abril, prazo legal para desincompatibilização. Até lá, os testes de nomes, cenários e pesquisas devem se intensificar. O tempo político corre — e a decisão, qualquer que seja, terá alto custo e alto impacto.


