Política
Parlamentares de AL retomam debate sobre fim das sacolas plásticas no comércio
Proposta, apresentada pelo deputado Sílvio Camelo (PV), amplia exigências ambientais e se apoia em estudos que apontam redução de poluição em rios, mares e áreas urbanas
A discussão sobre a retirada das sacolas plásticas descartáveis do comércio voltou a ganhar fôlego na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). O projeto apresentado pelo deputado Sílvio Camelo estabelece que estabelecimentos de todos os portes ofereçam exclusivamente embalagens reutilizáveis ou recicláveis, fabricadas conforme normas técnicas de sustentabilidade. A matéria entra no radar ambiental do Legislativo num momento em que o tema, já abordado em proposta anterior da deputada Fátima Canuto, volta a ser pressionado por dados científicos sobre os danos causados pelos plásticos de uso único.
O texto em tramitação prevê a eliminação gradual das sacolas produzidas com polímeros derivados do petróleo, material que leva décadas para se decompor e é apontado por pesquisadores como um dos principais responsáveis pelo acúmulo de lixo urbano e pela contaminação de ambientes aquáticos. Na justificativa, Camelo cita leis semelhantes aprovadas em outros estados e defende que o comércio alagoano se alinhe às diretrizes internacionais de redução de resíduos.
Pesquisas reforçam impacto da mudança
Nos últimos anos, estudos brasileiros e internacionais aprofundaram a avaliação do impacto das sacolas plásticas convencionais. Levantamentos publicados por pesquisadores vinculados a universidades estaduais e federais apontam que a presença desse tipo de resíduo em córregos, rios, manguezais e praias cresce de forma consistente, especialmente em regiões costeiras como Alagoas. A permanência do material no ambiente, segundo esses relatórios, não apenas compromete a qualidade da água como interfere na fauna marinha, que tende a confundir pequenos fragmentos com alimento.
Uma análise de revisão sobre sacolas plásticas e alternativas reutilizáveis indica que, quando adotadas de forma contínua, opções feitas de materiais duráveis reduzem significativamente o volume de lixo gerado. Outro ponto apresentado é que sacolas retornáveis têm desempenho ambiental superior quando usadas repetidas vezes, evitando que novos descartáveis entrem em circulação.
Os estudos dialogam com avaliações de organismos internacionais. Relatórios ligados ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostram que bilhões de sacolas são usadas por minutos e descartadas sem destino correto, sobrecarregando sistemas de drenagem, poluindo rios e contribuindo para o acúmulo de microplásticos em oceanos. Em estados litorâneos, o impacto tende a ser ainda maior, considerando a proximidade das capitais com áreas de preservação e zonas de pesca.
Mudança exige adesão da população
Especialistas consultados em pesquisas acadêmicas ressaltam que legislações que restringem sacolas plásticas precisam ser acompanhadas por ações educativas. A substituição só funciona quando consumidores entendem a importância do reuso e quando o comércio oferece alternativas de qualidade, evitando que o público recorra a outros descartáveis. Alguns estudos apontam, inclusive, que sacolas de tecido natural exigem maior gasto de água e energia na produção; por isso, seu impacto só é positivo quando há uso prolongado.
A tendência observada em experiências de outros estados é que, com campanhas de conscientização, a adoção de bolsas retornáveis cresce entre os consumidores. Pesquisas mostram que, quando informados, mais da metade dos frequentadores de supermercados se dispõe a usar opções reutilizáveis.
Avanço ambiental para Alagoas
Para Alagoas, a implementação de uma lei dessa natureza traz efeitos imediatos na gestão de resíduos e na proteção ambiental. A retirada das sacolas plásticas do comércio reduz o risco de entupimento de galerias pluviais, diminui o volume de lixo que chega aos canais e evita que os resíduos sejam levados para o mar — um problema recorrente em cidades costeiras.
Há também impacto direto na preservação de rios, manguezais e áreas de pesca tradicionais. Comunidades ribeirinhas e pescadores relatam que o acúmulo de sacolas plásticas em águas rasas interfere no deslocamento das espécies e dificulta a recuperação de estoques pesqueiros. Com menos plástico circulando, a tendência é de melhora gradual desses ecossistemas.
Próximos passos
O projeto segue em tramitação nas comissões temáticas da ALE e deve receber pareceres antes de ser votado. Parlamentares avaliam que a proposta pode ganhar força com apoio de entidades ambientais e do setor produtivo, que já discute a substituição de insumos em embalagens e utensílios. A expectativa é que o debate se intensifique nos próximos meses, acompanhado da cobrança por ações de educação ambiental que garantam a efetividade da medida.


