Política

Trump cita sanções e elogia conversa com Lula durante telefonema oficial

Presidente dos EUA afirma que diálogo abordou comércio e medidas contra o Judiciário

Por Esther Barros 03/12/2025 07h07
Trump cita sanções e elogia conversa com Lula durante telefonema oficial
"Muito coisa boa resultará desta parceria", diz Trump sobre Lula - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou nesta terça-feira (2) detalhes sobre o telefonema que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A jornalistas na Casa Branca, Trump afirmou que ambos discutiram comércio e sanções, em referência às medidas impostas por sua administração ao Judiciário brasileiro devido ao processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo ele, “a conversa foi ótima”, destacando que os dois líderes falaram sobre temas econômicos e diplomáticos. Em publicação nas redes sociais, Trump acrescentou que está “ansioso para ver Lula em breve” e que “muita coisa boa resultará dessa parceria recém-formada”, informou a agência Reuters.

Lula destaca negociações para reduzir tarifaço

Mais cedo, o Palácio do Planalto informou que Lula manifestou ao norte-americano o desejo de “avançar rápido” para retirar a sobretaxa de 40% ainda aplicada pelo governo dos EUA a parte dos produtos brasileiros.

Durante os 40 minutos de conversa, ambos também discutiram cooperação no combate ao crime organizado, segundo nota oficial da Presidência da República.

No último dia 20, a Casa Branca anunciou a retirada de 238 produtos da lista do tarifaço, incluindo café, frutas tropicais, sucos, carne bovina, cacau, especiarias, entre outros. Ainda assim, 22% das exportações brasileiras aos EUA permanecem sujeitas às sobretaxas — percentual menor que os 36% registrados no início da política tarifária.

Entenda o tarifaço

A política tarifária norte-americana foi instituída por Trump com o objetivo de reagir à perda de competitividade dos EUA frente à China. Em abril, o governo norte-americano elevou tarifas com base no déficit comercial de cada país. Como os EUA têm superávit com o Brasil, o país recebeu inicialmente a tarifa mais baixa — 10%.

Já em 6 de agosto, Washington implementou uma tarifa adicional de 40% como retaliação a decisões do governo brasileiro consideradas prejudiciais às big techs dos EUA e em resposta ao julgamento de Jair Bolsonaro.

Parte dessas medidas foi flexibilizada após encontros e telefonemas entre Lula e Trump, incluindo reunião bilateral em outubro, na Malásia.

Próximas tratativas

O governo brasileiro pretende continuar as negociações para retirar novos produtos da lista tarifada.

Após avanços para o agronegócio, o foco agora está nos produtos industriais, que enfrentam maior dificuldade para redirecionar exportações.

Também seguem em debate temas não tarifários, como big techs, terras raras, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).

As equipes diplomáticas dos dois países devem manter conversas técnicas nas próximas semanas para tentar reduzir ainda mais o impacto das tarifas sobre o setor produtivo brasileiro.

*Com informações Agência Brasil