Política
Financial Times vê crise no bolsonarismo e fracasso da ofensiva de Eduardo nos EUA
Jornal britânico afirma que lobby de Eduardo nos EUA irritou empresários, não evitou prisão do ex-presidente e deteriorou imagem do clã
O jornal britânico Financial Times publicou uma análise contundente sobre a situação do bolsonarismo no Brasil, afirmando que o movimento atravessa sua fase mais frágil desde que chegou ao poder em 2018. Segundo a reportagem, a tentativa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de buscar apoio político nos Estados Unidos para livrar o pai da prisão “fracassou espetacularmente”.
O FT relata que a atuação de Eduardo junto ao governo Donald Trump, que incluiu lobby e articulações por medidas que pudessem pressionar o Judiciário brasileiro, acabou resultando em “tarifas comerciais que irritaram a classe empresarial brasileira”, além de expor o parlamentar a possíveis acusações no Brasil.
O jornal diz ainda que Jair Bolsonaro enfrenta um desgaste profundo provocado tanto pela prisão quanto pelos “erros cometidos pelos filhos”.
A publicação destaca que as tarifas de 50% impostas por Washington a produtos brasileiros, que foi supostamente parte da pressão desejada por aliados do ex-presidente, não surtiram efeito no Supremo Tribunal Federal. Trump, inclusive, recuou e suspendeu algumas delas, alegando preocupação com o aumento dos preços dos alimentos.
Segundo o Financial Times, Eduardo permanece nos Estados Unidos em um “exílio autoimposto”, temendo retornar ao Brasil e enfrentar denúncias.
Já o senador Flávio Bolsonaro também teria contribuído para o desgaste recente ao liderar uma vigília em apoio ao pai em São Paulo. A iniciativa, relata o jornal, causou desconforto até mesmo entre aliados de Tarcísio de Freitas, que temem danos à própria imagem.
O texto também descreve o ex-presidente como “abatido e solitário” no momento de sua prisão, que é uma imagem oposta ao líder que, em seu auge, mobilizava multidões e intimidava adversários institucionais.
Fontes ouvidas pelo jornal afirmam que os filhos “enlouqueceram politicamente” e que a reputação do clã sofreu deterioração significativa nos últimos meses. Um executivo do setor financeiro classificou como “absolutamente repreensível” a estratégia de Eduardo para tentar interferir na Justiça brasileira via Washington.
Mesmo com o cenário turbulento, o FT aponta Tarcísio de Freitas como a figura mais promissora da direita atualmente, destacando sua boa interlocução com o mercado financeiro e sua postura alinhada a Bolsonaro quando se trata do debate sobre indulto. Segundo a reportagem, porém, Tarcísio só aceitará disputar a Presidência com o aval do ex-presidente, e o apoio poderia vir com Flávio Bolsonaro como possível vice na chapa.
A expectativa é que o governador de São Paulo anuncie até fevereiro se será candidato ao Planalto em 2026. Enquanto isso, o jornal observa que, apesar do desgaste, a direita segue competitiva e a segurança pública tende a ser um tema decisivo na eleição.
Caso o governo Lula não avance nessa área, a disputa pode ser apertada. Ainda assim, o FT conclui: “Se a eleição fosse hoje, Lula venceria. Mas ainda falta quase um ano, e o cenário continua em movimento.”

