Política
CPI aponta que Lira também foi alvo de vigilância de facção e Senado reforça segurança de integrantes
Análise de risco mobiliza Polícia Legislativa após histórico de ameaças do PCC a autoridades
A recém-instalada CPI do Crime Organizado já começou seus trabalhos sob forte clima de tensão. A Polícia Legislativa do Senado foi acionada para monitorar possíveis ameaças aos 18 integrantes do colegiado, composto por 11 titulares e sete suplentes. A comissão investiga a atuação de facções criminosas no país e sua infiltração em órgãos públicos e setores financeiros.
A criação da CPI ocorreu na semana passada, após nove meses de impasses e resistência política. O receio de lidar com o tema, considerado de alto risco, foi citado por senadores desde a proposta inicial, apresentada em fevereiro e aprovada no plenário em junho. A mais recente megaoperação no Rio, que deixou 117 mortos, ajudou a acelerar a instalação.
O presidente da CPI, Fabiano Contarato (PT-ES), e o relator, Alessandro Vieira (MDB-SE), ambos com carreira policial, solicitaram uma análise individual de segurança para cada parlamentar. A avaliação verifica diferentes níveis de risco, e, até o momento, não detectou ameaças diretas. Caso qualquer sinal de perigo surja, o Senado promete reforçar imediatamente a proteção dos membros.
A preocupação, contudo, não é infundada. O senador Sergio Moro (União-PR), integrante da CPI, já foi alvo de um plano de sequestro e execução arquitetado pelo PCC, revelado em 2023. Desde então, ele vive sob escolta permanente, com medidas de segurança reforçadas pela Polícia Federal.
O histórico de vigilância das facções também envolve autoridades de alto nível do Congresso. Ainda em 2023, a Polícia Legislativa recebeu informações de que o PCC havia monitorado os então presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O caso levou ao aumento imediato do aparato de segurança para ambos os parlamentares.
A CPI tem como missão apurar não apenas o funcionamento das facções, mas também denúncias de corrupção e extorsão nas forças de segurança. A comissão investigará, ainda, a influência criminosa em setores do sistema financeiro e na política nacional — uma frente considerada sensível e historicamente perigosa.
Com Jornal Extra.

