Política
CPMI do INSS pede prisão de quatro investigados após novas revelações sobre esquema bilionário
Relator Alfredo Gaspar anuncia solicitação de prisão preventiva de envolvidos em fraudes contra aposentados e pensionistas

As investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS seguem em ritmo intenso e têm exposto, a cada sessão, a estrutura de um dos maiores esquemas criminosos já descobertos dentro da Previdência Social.
Nesta segunda-feira (20), mesmo diante do silêncio de Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, apresentou detalhes do funcionamento da rede criminosa que usava clubes de benefícios para aplicar golpes em aposentados e pensionistas.
A sessão, que se estendeu por mais de 12 horas e entrou pela madrugada, trouxe novas provas e depoimentos que levaram o relator a anunciar que pedirá a prisão preventiva de Felipe Macedo Gomes e dos sócios Américo Monte Júnior, Anderson Cordeiro e Igor Delecrode.
Os quatro foram alvos da Polícia Federal por suspeita de fraudar o INSS, utilizando empresas ligadas às entidades Amar Brasil Clube de Benefícios (Amar Brasil), Master Prev, Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (ANDAPP) e Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (ASAAP).
Segundo o relator, o grupo atuava de forma organizada, alternando-se na liderança das quatro associações usadas para desviar recursos públicos. “O que une esses quatro? É que aquele cidadão sentado ali, chamado Felipe Macedo Gomes, tinha procuração para comandar as quatro associações. Ao lado dele havia Américo Monte Junior e Anderson de Vasconcelos. E quem deu a solução tecnológica para essa fraude? Esse rapaz chamado Igor Delecrode”, afirmou Gaspar durante a sessão.
Com base em organogramas e dados financeiros, o deputado revelou que as associações movimentaram centenas de milhões de reais em poucos trimestres, atingindo um volume superior a R$ 700 milhões — valor que a CPMI busca rastrear integralmente.
“Essas pessoas assinam contratos milionários com familiares de autoridades do INSS e ainda inserem cláusulas anticorrupção, como se isso fosse suficiente para mascarar a imoralidade do que estão fazendo. É um tapa na cara de quem trabalha e confia nas instituições”, declarou o relator. “O que vimos aqui hoje foi a demonstração de que, para alguns, meter a mão no dinheiro do povo vale a pena, porque a justiça ainda não chega para todos. Mas, nesta CPMI, o cerco está se fechando.”
Alfredo Gaspar também destacou o luxo financiado com os recursos desviados, citando a compra de carros de alto padrão, entre eles uma Ferrari e quatro Porsches, já apreendidos pela Polícia Federal. “Essa Ferrari agora, por enquanto, não está podendo ser usada, e os Porsches também estão recolhidos. Mas sabe de quem é isso aqui? Isso aqui é dos aposentados e pensionistas, que não sabem que são donos desse patrimônio”, completou.
O pedido de prisão preventiva dos quatro acusados será formalmente apresentado na próxima sessão da CPMI, que também deve examinar o envolvimento de outros indivíduos e empresas associadas ao esquema de corrupção desvendado pela comissão.
*Com informações da Assessoria
