Poucos meses depois de encerrar o segundo mandato com mais de 90% de aprovação, o ex-prefeito Renato Filho (MDB) está de volta ao comando de Pilar, mas em circunstâncias bem diferentes. Agora, ele é o secretário de Governo da prefeita Fátima Resende, a Tia Fatinha. E hoje, a prefeitura enfrenta baixa popularidade — pouco menos de 50% — e uma série de crises políticas.

Convocado pela tia, para assumir a Secretaria de Governo, Renato passa a ter oficialmente poder de decisão. Na prática, ele volta a exercer influência direta nas decisões mais relevantes da prefeitura, atuando como se fosse um “terceiro mandato” informal.

Renato assume o posto num momento peculiar. Além de tentar melhorar a imagem da administração, ele terá de administrar os próprios conflitos políticos. É o caso do embate com o deputado federal Isnaldo Bulhões, em torno da paternidade da obra do residencial do Minha Casa Minha Vida.

Considerado um político popular, mas também de temperamento forte, Renato retorna oficialmente ao poder em condições bem mais difíceis do que aquelas em que deixou a prefeitura. Se antes colheu altos índices de popularidade, agora terá de mostrar se consegue reverter a maré negativa e evitar que a gestão da tia siga marcada por desgaste e impopularidade.

Isnaldo x Renato

Um vídeo divulgado pelo deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL) expôs a ferida aberta na relação com Renato Filho. Ao contestar declarações do ex-prefeito, o líder do MDB na Câmara dos Deputados, deixa claro que a relação política entre ambos não é mais a mesma.

No vídeo, Isnaldo relembra que foi procurado por Renato em Brasília para interceder no Ministério das Cidades em favor de moradias do programa Minha Casa Minha Vida para o município. O deputado disse ter estranhado que, na divulgação feita pela prefeitura, os créditos tenham sido direcionados ao deputado federal Arthur Lira (PP).

Para Isnaldo, o comportamento revela o “desgaste e a falta de credibilidade” do ex-prefeito e da atual gestão de Pilar.

O que chama a atenção é que tanto Isnaldo quanto Renato são do MDB. As críticas do deputado, no entanto, surgem em um momento em que Renato caminha para um possível rompimento com o partido.

Apesar de ter reafirmado meses atrás que disputaria as eleições pelo MDB, hoje o ex-prefeito se mostra cada vez mais próximo do PP de Arthur Lira, com quem mantém relação próxima.

Renato não deixou formalmente o MDB e tampouco a prefeita Fátima Resende rompeu com o partido.

Com um pé na canoa do grupo dos Renans e ou outro na de Lira, Renato assumiu a secretaria faltando apenas seis meses do prazo de desincompatibilização (abril de 2026). Até lá, resta a dúvida: será candidato, e por qual partido?

A reação de Isnaldo Bulhões, ao mesmo tempo em que sinaliza distanciamento do ex-prefeito, evidencia que o MDB pode perder um nome competitivo para compor a chapa de deputado federal. Mas essa é outra história.