Política
Cibele Moura defende punição mais severa aos crimes contra mulheres
Em entrevista ao programa Direto da Redação, deputada também falou sobre políticas públicas na educação pública e a proteção de crianças na internet

Em entrevista ao programa Direto da Redação, do Portal Agora Alagoas, a deputada estadual Cibele Moura defendeu punição mais severa aos crimes contra as mulheres, a importância de políticas que melhorem a educação pública e a urgência de uma maior proteção a crianças e adolescentes que estão no ambiente virtual. O programa, apresentado pelo jornalista Wyderlan Araújo, foi ao ar na manhã desta terça-feira (12).
Com a chegada do mês de agosto, marcado pela campanha Agosto Lilás, de prevenção à violência contra a mulher, Cibele afirmou que, hoje, a legislação falha em proteger as mulheres de crimes de violência doméstica.
“É um mês em que a gente vai acompanhar diversas campanhas dizendo que é errado bater mulher. E, infelizmente, a gente fica apenas na campanha. O que a sociedade quer é que o agressor fique na cadeia, preso. A sociedade quer que, quando sabe que aquele homem agride aquela mulher das mais variadas formas, seja fisicamente, psicologicamente, a sociedade quer que esse cara seja afastado do produto social. Por isso que a gente trabalha todos os dias para endurecer leis e cobrar do poder público, da justiça, que esses caras fiquem presos”, frisou.
A deputada, que é autora de várias propostas e leis de proteção e reparação às mulheres, citou que as vítimas, quando encontram a coragem para denunciar a violência sofrida, encontram falta de apoio no poder público.
“Precisamos ofertar a essa mulher todo o apoio de psicólogo, serviço social, porque na maioria das vezes essa mulher se encontra em vulnerabilidade social e econômica. É preciso ter um local de acolhimento para que essa vítima possa se resguardar e ficar de maneira tranquila, com a certeza que lá não vai faltar comida ou água”, destacou.
Futuro e alinhamento político
Cibele confirmou que buscará a reeleição em 2026, destacando que ainda há “muitas leis importantes para aprovar” e projetos a concluir na Assembleia Legislativa. Segundo ela, foram apresentadas mais de mil propostas ao longo do mandato, com a convicção de que “Alagoas tem pressa” e que os problemas do Estado se resolvem “fazendo, não apenas falando”.
Cibele afirmou que a decisão foi tomada em consenso com seu grupo político, que inclui prefeitos, ex-prefeitos e vereadores do Litoral Norte. Para a Câmara dos Deputados, declarou apoio, junto com seus pais — o prefeito de Paripueira, Abraão Moura, e a ex-prefeita da Barra de Santo Antônio, Manu Moura — ao deputado federal Luciano Amaral.
Sobre partido, disse não ter planos de deixar o MDB, ressaltando que a legenda é de centro e reúne políticos de diferentes espectros. “Gosto de fazer política conversando com todos, sem amarras ideológicas. Existem coisas boas e ruins em ambos os lados”, afirmou.
Ao falar sobre seu posicionamento político, destacou que a concordância total é irreal, até mesmo com pessoas próximas: “Se concordo com 70% do que alguém defende, já considero que estamos alinhados. Política é plural, não um cabo de guerra”. Ela ressaltou que o MDB lhe garante autonomia para defender suas convicções. “Foi essa liberdade que me fez sair do PSDB. No MDB, somos 14 deputados estaduais, todos com diferentes posições, e essa pluralidade é a beleza do sistema político. Sempre vou atuar onde tiver autonomia para defender o que acredito”, destacou.
Litoral Norte
A deputada também abordou um problema crítico que afeta o litoral norte do estado: o transporte público. Segundo ela, a população sofre com um serviço precário prestado por uma empresa privada que não respeita os usuários, mesmo recebendo subsídio da prefeitura de Barra de Santo Antônio. “A empresa presta um serviço ruim, arbitrariamente deixou de entrar em pontos importantes e, mesmo assim, continua recebendo dinheiro público. Isso é inaceitável”, disse.
Cibele relatou ainda tensões políticas entre os municípios vizinhos Barra de Santo Antônio e Paripueira, que dificultam a integração do transporte e a qualidade do serviço oferecido. “No último fim de semana, a guarda municipal da Barra esteve em Paripueira prestando segurança particular em evento político. Isso merece investigação do Ministério Público, pois parece falta de probidade administrativa”, apontou.
Para tentar melhorar a situação, a deputada disse ter acionado órgãos competentes para buscar alternativas e enfatizou a necessidade urgente de um transporte digno para a população do litoral norte e região metropolitana de Maceió.
Naming rights e valorização do esporte
A deputada estadual afirmou que seguirá defendendo suas convicções na Assembleia Legislativa, mesmo integrando a base do governo, e destacou a importância de apresentar propostas concretas para os problemas do Estado.
Ao comentar a situação do Estádio Rei Pelé, Cibele sugeriu alternativas para garantir recursos e melhorar a estrutura. Entre as propostas, está a adoção do naming rights, prática na qual empresas pagam para associar seu nome ao estádio, e a possibilidade de CRB e CSA assumirem a gestão do equipamento, em modelo semelhante ao adotado no Maracanã, no Rio de Janeiro.
A parlamentar afirmou ainda acreditar que as torcidas dos dois clubes poderiam ter papel decisivo na revitalização. “Tenho certeza que tanto a torcida do CRB quanto a do CSA têm muita gente influente que ama e é apaixonada pelos clubes. Não tenho dúvida que haveria uma boa disputa para ver quem ajudaria mais. Além de tudo, economicamente é viável. Se não fosse, empresas como a MRV e a Bis não investiriam em arenas e estádios em outras cidades”, disse.
Cibele ressaltou que Maceió, por estar entre as cidades que mais recebem turistas no Brasil, tem potencial para atrair investimentos e fechar bons contratos vinculados ao uso do estádio. “Não adianta apenas criticar. É preciso trazer soluções”, completou, reforçando que seu compromisso é com a população alagoana, “que é quem paga meu salário e me mantém onde estou”.
Ações contra a sexualização de crianças
Na última semana, Cibele repercutiu o vídeo do influenciador digital Felca, que alertou para vídeos que contém sexualização e adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais. Ela pontuou que, como as plataformas monetizam índices como visualizações, curtidas e comentários, houve uma explosão de canais que usam crianças em seus conteúdos.
“Infelizmente, nem sempre essas produções são positivas, nem sempre a pessoa que está produzindo aquele conteúdo tem boa índole. Existe gente ruim no mundo, gente que usa imagens dessas crianças para pornografia, para pedofilia, para exploração da imagem”, alertou a parlamentar.
Outro fenômeno preocupante, segundo a deputada, é a adultização das crianças. Cibele lamentou que as crianças estão se transformando muito rapidamente em adultos, e que isso é resultado não apenas das redes sociais, mas da sociedade como um todo. Por isso, tramita na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE/AL) um projeto de lei, de sua autoria, que veda a utilização de recursos públicos estaduais em produtos, serviços, espaços, eventos, programas e ações que exponham crianças a conteúdos que promovam a erotização precoce e a sexualização.
“Quem quiser ver um conteúdo erótico, fique à vontade. Se você é maior de idade, pode fazer o que você quiser da sua vida. Agora, nas nossas crianças, ninguém pode mexer. No dinheiro público das nossas crianças, ninguém pode mexer”, reforçou.
Responsabilidade na criação de cães
A deputada participou, nessa segunda-feira (11), de uma audiência pública para debater a proposta de uma legislação que visa o cadastro e o controle de cães de raças consideradas agressivas. Segundo ela, o encontro, proposto pelo deputado Cabo Bebeto, foi produtivo, reunindo opiniões a favor e contra, e ressaltou a importância de ouvir diferentes pontos de vista para construir um consenso.
Ela ressaltou que a responsabilidade deve ser sempre do tutor. “Quem cria o animal tem que ser punido caso ele ataque alguém ou sofra maus-tratos que o deixem agressivo”, afirmou. “Não podemos punir o cachorro, mas podemos e devemos responsabilizar o dono que o deixa solto, sem coleira, ou que maltrata o animal”.
Por fim, a deputada destacou os custos e cuidados que envolvem criar cães maiores, como alimentação, adestramento e ambiente adequado, reforçando que a posse responsável é uma missão séria que deve ser encarada com compromisso e consciência.
