O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados, segue exercendo influência nas decisões políticas em Brasília, mesmo após o fim de seu mandato à frente da Casa. Tem mantido diálogo com setores do governo e continua participando de articulações envolvendo pautas estratégicas. Em alinhamento com o atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), Lira tem sido consultado sobre temas institucionais relevantes. 

Recentemente, foi o relator do projeto que altera as faixas do Imposto de Renda e participou de negociações sobre a resposta do Congresso à ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Também atua na formulação de um texto alternativo para o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, diante de divergências entre parlamentares e setores da sociedade. 

No plano estadual, o panorama é menos estável. Lira trabalha para viabilizar uma candidatura ao Senado em 2026, mas enfrenta dificuldades em firmar alianças. Um dos focos de tensão está na relação com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), que tem sinalizado aproximação com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário histórico de Lira. 

JHC foi reeleito em 2024 sem indicar um vice ligado ao grupo de Lira. Apesar disso, recebeu apoio do deputado durante a campanha. A expectativa de reciprocidade para 2026 tem sido frustrada pela reaproximação de JHC com o grupo político dos Calheiros. Em março, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), elogiou a gestão municipal de Maceió e agradeceu à mãe do prefeito, Eudócia Caldas, durante evento público. Paralelamente, foi ventilada a indicação de Marluce Caldas, tia de JHC, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), sem a participação de Lira, o que provocou desconforto político. 

Nos últimos dias, aliados de Lira que ocupavam funções na administração municipal foram exonerados. O prefeito não comentou as mudanças. Já Renan Calheiros descartou qualquer aliança com o deputado e manifestou apoio à indicação de Marluce Caldas ao STJ, justificando tratar-se de uma representante da magistratura alagoana. 

Além disso, JHC avalia trocar o PL pelo PSB, o que pode aproximá-lo da base do governo federal e do MDB. Essa possível movimentação partidária ocorre em um contexto em que o MDB comanda a maioria dos municípios alagoanos, fator que pode influenciar diretamente os planos eleitorais de Lira.